Direito do Negro à Cidade: de uma Formação Socioespacial Racista à Utopia Lefebvriana

Autor: Ana Flávia Rezende, Luís Fernando Silva Andrade
Rok vydání: 2022
Předmět:
Zdroj: urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana v.14 2022
Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR)
instacron:PUC_PR
urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, Volume: 14, Article number: e20210438, Published: 21 NOV 2022
ISSN: 2175-3369
DOI: 10.1590/2175-3369.014.e20210438
Popis: Resumo O direito à cidade se manifesta como forma superior de direitos na participação e apropriação dos espaços urbanos. No presente texto, argumentamos que a população negra, tanto homens como mulheres, enquanto indivíduos e coletividade com uma cidadania mutilada, manifesta desvantagens cumulativas que a impede de exercer uma cidadania plena e disputar a cidade. Tal situação não aparece como fatalismo, uma vez que a resistência do povo negro é amplamente discutida na literatura de movimentos sociais. O objetivo deste artigo é propor desdobramentos entre o direito à cidade de Henri Lefebvre e a questão racial. Para tanto, apresentamos tópicos em que tratamos de direito à cidade e utopia, raça e interseccionalidade no contexto brasileiro e racialização do direito à cidade no Brasil. Concluímos que considerar a dimensão de raça, e sua intersecção com classe e gênero, no direito à cidade é espacializar a questão racial, uma vez que contemplar uma cidade lida a partir do viés racial apresenta não apenas relevância do ponto de vista acadêmico, mas enquanto exercício de desvelamento de realidades opressoras e parte do próprio contraespaço que é o direito à cidade. Abstract The right to the city manifests itself as a superior form of rights in the participation and appropriation of urban spaces. In the present text, we argue that the black population, as individuals and collectives with mutilated citizenship, manifests cumulative disadvantages that prevent them from exercising full citizenship and disputing the city. This situation does not appear as fatalism, since the resistance of black people is widely discussed in the literature of social movements. The objective of this article is to propose developments between Henri Lefebvre's right to the city and the racial issue. To this end, we present topics dealing with race and segregation, right to the city and utopia, and racialization of the right to the city. We conclude that to consider the dimension of race in the right to the city is to spatialize the racial issue, since to contemplate a city read from a racial perspective is not only relevant from an academic point of view, but also as an exercise in unveiling oppressive realities and as part of the very counter-space that is the right to the city.
Databáze: OpenAIRE