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Este artigo, suscitado pela partilha de conhecimentos e de experiências profissionais, pretende contribuir para uma reflexão em torno das políticas de incorporação e desincorporação das instituições de memória (arquivos, bibliotecas e museus), num contexto em que estas se procuram adaptar a problemas estruturais agravados pela pandemia covid-19. Como a gestão da memória coloca a todas as instituições que a promovem o problema da sua relação com o esquecimento, componentes indissociáveis em todas as sociedades e culturas, e reconhecendo que nem todos os processos de incorporação de bens culturais são irreversíveis, a nossa reflexão abarca esta problemática e pretende salientar a necessidade de políticas sustentáveis de desenvolvimento das coleções. Com base na legislação e tendo por referência bibliografia científica e académica e estudos sobre a matéria, procura-se problematizar: a questão da gestão das coleções e arquivos em cada uma das instituições de memória; as diferenças e as similaridades existentes entre cada uma elas; e o posicionamento de cada uma face à comunicação em ambiente digital. Conclui-se que a desincorporação, processo inverso à incorporação, pode ser um procedimento necessário e que os dois são complementares, num plano estratégico e programático das instituições. Mas a questão está longe de gerar consensos e tem-se demonstrado que requer profunda reflexão e debate científico, tanto no campo profissional, tendencialmente mais sujeito ao confronto direto com situações de crise, como no âmbito académico, porventura com maior margem crítica e prospetiva. This article, prompted by the sharing of knowledge and experiences of the authors, aims to contribute to a reflection on issues surrounding the policies of incorporation and disincorporation of memory institutions (archives, libraries and museums), especially in a context in which their functioning seeks to adapt to structural problems aggravated by the covid-19 pandemic. As the management of memory poses to all the institutions that promote it the problem of its relationship with forgetfulness, inseparable components in all societies and cultures, and recognizing that not all processes of incorporation of cultural goods are irreversible, our reflection encompasses this issue and intends to highlight the need for sustainable collection development policies. Based on legislation and with reference to scientific and academic bibliography and studies on the subject, the authors seek to problematize: the issue of managing collections and archives in each one of the memory institutions; the differences and similarities between them; and the positioning of each one in relation to communication in a digital environment. It is concluded that deaccessioning, an inverse process to accessioning, may be a necessary procedure and that the two are complementary, in a strategic and programmatic plan of the institutions. But the issue is far from generating consensus and it has been shown that it requires deep reflection and scientific debate, both in the professional field, which tends to be more subject to direct confrontation with crisis situations, and in the academic sphere, perhaps with greater critical and prospective margins. |