Apresentação - nº 25

Autor: Alexandre de Melo Andrade, Paloma Batista Cardoso
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2022
Zdroj: Travessias Interativas; No. 25 (2022): Travessias Interativas → jan-abr/2022; 6-10
Travessias Interativas; n. 25 (2022): Travessias Interativas → jan-abr/2022; 6-10
Travessias Interativas; Núm. 25 (2022): Travessias Interativas → jan-abr/2022; 6-10
Travessias Interativas
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
instacron:UFS
ISSN: 2236-7403
DOI: 10.51951/ti.v12i25
Popis: DOSSIÊ:FLUXO CONTÍNUO APRESENTAÇÃO O número 25 da revista Travessias Interativas traz artigos de diversas vertentes de estudos Linguísticos e Literários, que apresentam contribuições relevantes sobre aspectos lexicais, pedagógicos, discursivos, socioculturais e filosóficos. O presente volume está dividido em quatro seções. As duas primeiras apresentam estudos das duas grandes áreas dos Estudos da Linguagem: Estudos Linguísticos e Estudos Literários; a terceira apresenta estudos desenvolvidos por alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC); e a quarta, entrevistas com dois grandes pesquisadores do ensino de línguas: Anne-Marie Chartier e Artur Gomes de Morais. A seção de Estudos Linguísticos é iniciada pelo texto da autoria de Andrêssa de Oliveira Andrade e Vanessa Regina Duarte Xavier, intitulado Neologismos em tuites de grandes empresas: uma análise lexicultural. Nesse trabalho, as autoras mostram como, no ambiente virtual, a interação entre falantes proporciona inovações semânticas em itens lexicais pré-existentes, a fim de destacar o posicionamento de um falante/empresa em relação ao seu ouvinte/cliente. A análise do posicionamento de um falante em relação ao outro também está presente em Atenuadores em introduções de artigos acadêmicos da área da administração pública, de Roberto Carlos Ribeiro Araújo. Este autor aponta como o uso de expressões epistêmicas é relevante para a negociação do conhecimento científico veiculado em artigos acadêmicos e para o delineamento da posição assumida por cientistas perante seus pares. Os artigos seguintes discutem a relevância do letramento verbal e visual na escola e fora dela. Em Letramento visual e o gênero notícia em livro didático, Paulo Vitor Melo e Carina Aparecida Lima de Souza defendem um ensino que leve em consideração o fato de que a compreensão de textos também é influenciada pelo que é visto. Em todos os artigos que apontam a relevância do letramento publicados no presente número da Travessias Interativas, defende-se que é impossível pensar em letramento sem levar em consideração as particularidades de cada gênero textual e do contexto sócio-histórico em que ele é produzido. Em Letramentos e desinfodema: o leitor modelo do serviço de checagem de fatos “saúde sem fake News”, Augusto Vinicius de Oliveira e Fabiana Komesu discutem as habilidades específicas que um leitor deve ter desenvolvido para ler textos que reportam dados científicos. O leitor que lida com textos divulgados na internet utiliza ferramentas específicas para ajudar na compreensão de vocabulário: dicionários eletrônicos que, conforme sugere Lílian Thais de Jesus, em A estrutura e os recursos dos dicionários gerais on-line de língua portuguesa, fazem uso de remissões e links de retomada de informações, estratégia importante para o leitor moderno. No ambiente virtual, há um grande volume de dados que pode ser localizado em poucos segundos, por meio de palavras-chave adequadas e/ou que sejam frequentes em determinada área do conhecimento. Giselle Liana Fetter, em Teoria Dialógica do Discurso (TDD) e pesquisa com grandes corpora: processo de composição de discursos sobre a divulgação científica, sugere que a busca automatizada desses itens lexicais, além de facilitar a compilação de dados, permite que se analise o modo como a divulgação científica é enxergado pela sociedade, o que é relevante para o desenvolvimento de estratégias cujo objetivo seja alcançar o maior número de leitores possível. Além da discussão sobre a expressão do posicionamento dos falantes a partir de usos linguísticos específicos, materiais para o ensino de língua portuguesa como língua materna e o uso de ferramentas computacionais para compreensão de vocabulário e busca de itens lexicais, o volume 25 da Travessias Iterativas também traz artigos que discutem as concepções de ensino de língua portuguesa para falantes não-nativos. Em uma realidade marcada pelo contato entre o português falado por nativos brasileiros e por falantes advindos de regiões em situação de crise, Carla Alessandra Couto, em Português como língua de acolhimento pelas vozes de migrantes de crise, defende que o ensino de língua portuguesa deve ser um instrumento de acolhida de pessoas e das suas identidades. Para que isso aconteça, segundo Isis Ribeiro Berger, em As línguas e seus lugares nas fronteiras: desafios da formação de professores em contextos multilíngues, é necessário que se tenha uma formação de professores sensível à influência, na aprendizagem e nos usos linguísticos, da mobilidade populacional, especialmente em regiões de fronteira nacional. Em uma abordagem discursiva, Alex Bezerra Leitão, em Autismo e metáforas multimodais: impacto discursivo de ações e de concepções capacitistas, discute como o uso de elementos verbais e não-verbais na construção de metáforas evidencia o posicionamento de falantes acerca de pessoas autistas, que continuam sendo enxergadas como “pessoas de fora”. O modo como um grupo específico é enxergado e como sujeitos e lugares são constituídos é o foco do artigo de Alex Bezerra Leitão e dos demais capítulos da seção de Estudos Linguísticos. Em A condição heterogênea da formação discursiva e a fragmentação da forma-sujeito: um sujeito “dividido” entre as questões ideológicas e a ciência, Rubiamara Pasinatto discorre sobre o modo como os usos linguísticos dos falantes evidenciam diferentes formas-sujeito. A constituição da imagem do sujeito também é a questão central do artigo de Raimundo Romão Batista, intitulado Uma imagem de influência mundial: os ethe discursivos de Joe Biden no discurso da vitória da eleição presencial de 2020. Neste texto, o autor descreve as estratégias de persuasão utilizadas pelo presidente estadunidense para convencer seus ouvintes de que a escolha dele para a presidência dos Estados Unidos foi acertada. Além da construção da imagem de sujeitos históricos, neste volume discute-se também a construção da historicidade de lugares e de conceitos amplamente arraigados na sociedade, como o de “lar”. Para Ana Beatriz Ferreira Dias e Rafaela Oppermann Miranda, em O discurso fundador na construção de narrativas em Cerro Largo (RS): uma leitura de nomes de ruas, a escolha dos nomes de ruas em Cerro Largo (RS) revela a ideologia dominante naquela região, atravessada pela importância da valorização de uma cultura específica: a alemã. A(s) ideologia(s) que atravessa(m) a sociedade é evidenciada pelos efeitos de sentido que uma expressão carrega. Em Os efeitos de sentido do “lar” no contexto de isolamento social e as relações de gênero numa propaganda de cerveja, último artigo da seção de Estudos Linguísticos, Maria Alice Costa da Cilva e Claudiana Narzetti, a partir da análise da materialidade linguística presente em uma propaganda de certeja, pontuam transformações na concepção do gênero feminino na sociedade brasileira: a mulher, mesmo que ainda concebida em uma concepção binária já não é vista como a única responsável pelo funcionamento do lar. Na seção de Estudos Literários, gênero e o universo feminino passam ser discutidos sob a ótica da composição artística e/ou pelo debate em torno do feminismo. O primeiro artigo – Da idealização à misoginia: O retrato da mulher satirizada em Cantigas de D. Afonso X e na pintura do século XVI –, da autoria de Nágela Alves da Costa e Clarice Zamanaro Cortez, trata das concepções femininas nos períodos medieval e renascentista, pala perspectiva da literatura e da pintura, e suas transformações sob o olhar do artista. Em A imposição da maternidade e o fracasso feminino na Nigéria moderna em Fique Comigo (2017), de Ayòbámi Adébáyò, Danielle Fabrício dos Santos e Elis Regina Fernandes Alves mostram a necessidade de discussão sobre o feminismo negro através do estudo da referida obra. Os artigos seguintes conduzem a discussão para um âmbito maior, levando em conta sistemas de opressão instaurados nas sociedades modernas. Antônio Coutinho Soares Filho e Luíza Helena Oliveira da Silva, no artigo Os nervos do esqueleto: Interações humanas na peça A Invasão, de Dias Gomes, estudam as relações intersubjetivas e aspectos do Percurso Gerativo de Sentido na peça citada no título; a análise sociossemiótica comprova a crítica ao sistema opressivo a que a população está submetida. Paulo César S. Oliveira, por seu turno, faz uma leitura crítica das relações entre mobilidade e clausura no texto Pátria, de Bernardo Carvalho: Violência e Deslocamento no teatro do mundo, percebendo de que modo o autor ficcionaliza questões políticas e ideológicas da atualidade. Na sequência, em Diálogos interculturais em Nada digo de ti que em ti não veja, Roberta Tiburcio Barbosa se debruça sobre o romance de Eliana Alves, com vistas a demonstrar os sistemas de opressão e a afirmação das subjetividades negras. As relações entre literatura e filosofia são contempladas nos próximos artigos. Em Vida e Proezas de Aléxis Zorbás: O caosmo de Nikos Kazantzákis?, João Victor Rodrigues Santos trata da relação entre as duas áreas, de modo mais genérico, e dos reflexos nietzschianos na obra do escritor grego, em específico. Arthur Katrein Moura, no seu texto Uma aventura solitária: O legado filosófico em Júbilo, Memória, Noviciado da paixão, de Hilda Hilst, analisa a relação que esta obra hilstiana estabelece com a filosofia, por intermédio da solidão e da consciência do “outro”. Dialogando a poesia com a filosofia, especialmente aquela filiada à tradição renascentista, Jânio Vieira dos Santos é autor do próximo artigo: Um recorte poético e filosófico em Alma Vênus, de Marco Lucchesi. No artigo que aparece na sequência – “Sufocado em terra estrangeira”: Identidade e migração em Cinzas do Norte, de Milton Hatoum –, Felipe Dantas da Silva e André Tessaro Pelinser analisam o referido romance contemporâneo, entendendo sua relação com o regionalismo mais tradicional e suas transfigurações nas últimas décadas. Já o estudo do romance romântico Amor de Perdição, com análise minuciosa do narrador, surge na sequência, em Análise do narrador de Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, de João Paulo Wizniewsky Amaral. Abordagens críticas de poetas estão no centro dos próximos artigos. Em Da janela à sepultura: Encontros de Romeu e Julieta apropriados por Álvares de Azevedo, Alexandre Silva da Paixão analisa as menções feitas pelo escritor romântico brasileiro ao clássico shakespeariano, passando por teorias da literatura comparada (apropriação, comparatismo e recepção) e desvelando aspectos da escrita poética de Álvares de Azevedo. Já o artigo Um cavalo na minha paisagem: O sujeito lírico que se desloca para a morte do outro, de Iverton Gessé Ribeiro Gonçalves, apresenta uma leitura do poema “Cavalo Morto”, de Cecília Meireles, para compreender a relação entre sujeito e paisagem na experiência de morte. Katherine de Albuquerque Mendonça, em As pistas da contracultura na poesia de Mário Jorge, centra sua atenção nos elementos da contracultura identificados no poeta sergipano Mário Jorge, contribuindo, inclusive, para a divulgação da obra deste poeta, ainda pouco lido e reconhecido pela crítica. Esta seção é finalizada com o artigo Romantismo na província: A recepção dos discursos românticos na imprensa piauiense, de Pedro Henrique de Sousa Moreira e Natália Gonçalves de Souza Santos. O texto investiga a recepção dos românticos na imprensa de Piauí e as relações daí estabelecidas com a Corte e com a própria província. Na seção seguinte, de artigos de iniciação científica, há o texto O elo literário-filosófico vergiliano em Aparição (1971), de Débora Mendes dos Santos Alves, que discute as relações do romance Aparição, de Vergílio Ferreira, com alguns pressupostos da filosofia existencialista. Apesar das diferenças de perspectivas e de abordagens, os trabalhos publicados neste volume da Travessias Interativas dialogam entre si, pois evidenciam o caráter mutável e, consequentemente, sócio-histórico da língua, visível tanto nos usos linguísticos quanto na construção de concepções e de identidades em textos artísticos e não-artísticos, elementos relevantes para todas as áreas dos Estudos da Linguagem. Alexandre de Melo AndradeUFS Paloma Batista CardosoUFS
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