O labirinto da autogestão
Autor: | Miguel, Sinuê Neckel, 1985 |
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Přispěvatelé: | Segnini, Liliana Rolfsen Petrilli, 1949, Cavalcante, Sávio, Batalha, Claudio Henrique de Moraes, Romera Valverde, Antonio José, Bruno, Lucia Emilia Nuevo Barreto, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS |
Rok vydání: | 2021 |
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Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) instacron:UNICAMP |
DOI: | 10.47749/t/unicamp.2017.983366 |
Popis: | Orientador: Liliana Rolfsen Petrilli Segnini Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Resumo: A tese trata do sistema de autogestão da Iugoslávia, examinando a sua estrutura e dinâmica geral das relações de classe. Fundamentalmente, postulamos que o estudo dos conflitos e alianças de classe é crucial para a compreensão dos limites e possibilidades da autogestão e do projeto socialista iugoslavo. Nossa tese então apresenta e discute o que foi a autogestão iugoslava, levando em consideração as suas diferentes fases históricas e procurando destacar as principais questões e conflitos envolvendo a democracia participativa, o desempenho econômico e a dinâmica das relações de poder. Para melhor situar a avaliação sobre a experiência iugoslava foi realizada discussão teórica acerca das relações entre socialismo, mercado, democracia e autogestão. Em seguida, apresentamos o ponto de vista crítico à autogestão iugoslava desenvolvido pelo grupo Praxis, que foi fundamentalmente uma escola do pensamento iugoslavo constituída em grande parte por filósofos marxistas que propuseram um socialismo humanista. Publicaram a revista Praxis de 1964 a 1974 (e sua edição internacional de 1965 a 1974) e, no mesmo período, mantiveram um encontro anual na ilha de Kor?ula, na Croácia, no qual participavam nomes de relevo do pensamento crítico e marxista, como Ernst Bloch, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, Henri Lefebvre e Ernest Mandel. A análise do grupo Praxis se justifica na tese como uma peça fundamental para esclarecer quais eram a estrutura e dinâmica de classes da Iugoslávia. Sua ação político-intelectual contestadora de certas orientações tomadas ao longo da experiência iugoslava reclamou por uma radicalização da autogestão, criticou a burocratização e a reforma mercantil e realizou uma análise de classes que culminava na crítica à escalada dos nacionalismos. A ação repressora de autoridades iugoslavas colocou fim a atividade docente dos principais intelectuais da Praxis. O entendimento do sentido político da repressão ao grupo Praxis sugere que ele de fato representou a possibilidade de desenvolvimento de uma alternativa política contraditória com o monopólio vanguardista atribuído à Liga dos Comunistas, e também com os privilégios sócio-políticos das camadas sociais dominantes no sistema político-econômico iugoslavo, gradativamente constituídas em classe dominante dividida em duas frações: os dirigentes da burocracia estatal e os gerentes da burocracia empresarial. Finalmente, procedemos a uma tentativa de definição da estrutura e dinâmica de classes na formação social iugoslava pós-capitalista, com base no modelo teórico desenvolvido por Michael Lebowitz para explicar o "socialismo real". Basicamente, para o autor as chamadas sociedades do "socialismo real" foram formações sociais híbridas compostas por relações de produção de vanguarda e pela reprodução contestada (pelos gerentes de empresas, que incorporaram a lógica do capital), cujo específico modo de regulação de vanguarda (para assegurar a produção das premissas do sistema) era constituído pelo controle dos gerentes por meio do plano administrativo-diretivo e por meio de um contrato social tácito com a classe trabalhadora, cuja lógica manifestava-se em sua "economia moral". Com uma apropriação desse desenho teórico devidamente adaptado para o singular caso iugoslavo pretendemos contribuir com o entendimento da correlação de forças que bloqueou o desenvolvimento da autogestão, levando em consideração os efeitos das reforma mercantil e da burocratização Abstract: The thesis deals with Yugoslavia¿s self-management system, by examining its structure and general dynamics of class relations. Fundamentally, we postulate that the study of class conflicts and alliances is crucial for understanding the limits and possibilities of self-management and the Yugoslav socialist project. Then, our thesis presents and discusses what was the Yugoslav self-management, taking into account its different historical phases and seeking to highlight the main issues and conflicts involving participatory democracy, economic performance and the dynamics of power relations. To better situate the evaluation of the Yugoslav experience, a theoretical discussion about the relations between socialism, market, democracy and self-management was held. Next, we present a critical view of Yugoslavian self-management developed by the Praxis group, which was fundamentally a school of Yugoslav thought largely made up of Marxist philosophers who proposed a humanist socialism. They published the Praxis magazine from 1964 to 1974 (and its international edition from 1965 to 1974) and held an annual meeting on the island of Kor?ula, Croatia, in which participated prominent names of critical and Marxist thought, such as Ernst Bloch, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, Henri Lefebvre and Ernest Mandel. The analysis of the Praxis group is justified in the thesis as a fundamental piece to clarify what were the class structure and dynamics of Yugoslavia. His politico-intellectual action challenging certain orientations taken throughout the Yugoslav experience called for a radicalization of self-management, criticized bureaucratization and mercantile reform, and conducted a class analysis culminating in criticism of the escalation of nationalism. The repressive action of Yugoslav authorities put an end to the teaching activity of the main intellectuals of Praxis. The understanding of the political sense of the repression to the Praxis group suggests that it actually represented the possibility of developing a political alternative that will be contradictory to the avant-garde monopoly attributed to the League of Communists and also to the socio-political privileges of the dominant social strata in the Yugoslav political-economic system, gradually constituted in the ruling class divided into two fractions: the leaders of the state bureaucracy and the managers of the corporate bureaucracy. Finally, we attempt to define the class structure and dynamics in post-capitalist Yugoslav social formation, based on the theoretical model developed by Michael Lebowitz to explain "real socialism". Basically, for the author the so-called "real socialist" societies were hybrid social formations composed of vanguard production relations and contested reproduction (by corporate managers, who incorporated the logic of capital), whose specific mode of vanguard regulation (to assure the production of the premises of the system) was constituted by the control of the managers by means of the administrative-directive plan and by means of a tacit social contract with the working class, whose logic was manifested in its "moral economy". With an appropriation of this theoretical design duly adapted to the unique Yugoslav case, we intend to contribute to the understanding of the correlation of forces that blocked the development of self-management, taking into account the effects of market reform and bureaucratization Doutorado Ciências Sociais Doutor em Ciências Sociais CAPES 12072/13-3 CNPQ 141050/2012-8 |
Databáze: | OpenAIRE |
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