Do Bronze a Homero

Autor: Auto, João Miguel Moreira, 1974
Přispěvatelé: Oliveira, Flávio Ribeiro de, 1964, Prata, Patricia, Santos, Fernando Brandão dos, Moraes, Alexandre Santos de, Martinez, Josiane Teixeira, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Linguística, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron:UNICAMP
DOI: 10.47749/t/unicamp.2015.962476
Popis: Orientador: Flávio Ribeiro de Oliveira Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: A chegada dos gregos à Grécia continental no começo do segundo milênio, a ascensão da civilização micênica na segunda metade do milênio, seu colapso no século XII a.C., quando contingentes populacionais dóricos invadiram a Grécia continental trazendo a tecnologia do ferro, e a transição que se estendeu durante a "Idade das Trevas" são eventos que formam um contexto histórico necessário para que se compreenda a Odisseia como a representação de um ethos econômico e comercial emergente e a Ilíada como a representação de um ethos militar. Analisando alguns artefatos arqueológicos e a arquitetura dos micênicos e comparando-os com a arte minoica encontram-se sinais de uma cultura comercial e militarmente organizada, no Egeu da Idade do Bronze Tardia. A partir disso entende-se melhor o processo de crescimento econômico e de construção de uma identidade étnica em que os gregos estavam mergulhados durante o século VIII a.C. A posição intermediária que Homero ocupa numa sociedade que transita de um período pré-histórico para um período historiado e a maneira como os gregos do século VI a.C. e, talvez, mesmo de antes, viram Homero como autor podem ser correlacionadas, uma vez que podem ser entendidas como decorrendo, em alguma medida, da introdução do uso de uma escrita alfabética em uma cultura oralizada. O cotejo entre os textos de Homero e os dados da Idade do Bronze que se sabe através da arqueologia dá-nos uma medida mais exata do alcance e do limite da memória que Homero retém do passado. A passagem para uma sociedade com compreensão histórica muda a percepção que se tem do tempo e completa-se mais claramente em Heródoto. Na comparação entre os dois grandes poemas épicos da Grécia, a Odisseia aparece como um texto voltado para o entretenimento (com acontecimentos maravilhosos, bem como festins suntuosos) e a Ilíada como um texto voltado para uma educação militar. Na Ilíada, Aquiles desempenha um papel notável na disputa com Agamêmnon, aparecendo como um guerreiro grandioso em contraste com um homem poderoso e investido de maior autoridade real. Pode-se dizer que, na Ilíada, poder, força e beligerância figuram como valores admiráveis, dignos de serem poeticamente fruídos, ao passo que, na Odisseia, Homero descreve ricamente um cotidiano luxuoso. O caráter econômico e mercantil dessa epopeia materializa-se na forma de navios e numa balsa e é ilustrado pelo caráter de Odisseu, que, por um lado, viaja pelo mar, de tribulação em tribulação, sempre se adaptando, em sua versatilidade, às diferentes dificuldades locais, conforme encontra ou não hospitalidade em lugares estranhos e, por outro, não abandona sua preocupação exaustiva com o lar. Em seu mundo, a casa (oîkos) e a pólis rivalizavam em algumas funções sociais importantes, tais como a administração de atividades mercantis, a produção pecuária e, mesmo, a proteção de indivíduos contra qualquer sorte criminosa de violência. A cidade-Estado, não obstante, tomava corpo. De algum modo, a esfera pública surgiu em decorrência do desenvolvimento econômico do oîkos, por desdobramento, a partir da iniciativa privada de homens poderosos. O período foi uma alvorada histórica Abstract: The arrival of the Greeks to continental Greece at the beginning of the second millennium, the ascension of the Mycenaean civilization in the second half of the millennium, its collapse in the twelfth century B.C., when contingent Dorian populations invaded continental Greece, bringing iron technology and the transition that extended during the Dark Ages are events that provide historical context necessary to understand the Odyssey as a representation of an emerging economic and commercial ethos and the Iliad as a representation of a military ethos. Analyzing some archeological artifacts and the architecture of the Mycenaean and comparing Minoan art, one encounters signs of a commercially and militarily organized culture on the Aegean of the Late Bronze Age. From this, one can better understand the process of economic growth and of the build up of an ethnic identity in which the Greeks were immersed during the eighth century, B.C. The intermediate position that Homer occupies in a society that transitions from a pre-historic to a historic period can be correlated with the way by which the Greeks of the sixth century B.C., and, perhaps even earlier, saw Homer as an author, given that they can be understood as deriving, in some measure, from the introduction of the use of a alphabetically written language in an oral culture. The collation of Homer¿s texts and archeological Bronze Age data gives us a measure of the reach and limit of the memory that Homer retains from the past. The transition to a society with a historical understanding changes the perception of time. This transition became more clear by the time of Herodotus. The Odyssey is a story intended more for the entertainment of the reader (with marvelous events and magnificent festivities), while the Iliad is intended for military education. In the Iliad, Achilles plays a notable role in the dispute with Agamemnon. He appears as a great warrior, in contrast to Agamemnon¿s role as an authority figure with real world power. One can say that in the Iliad power, strength, and belligerence figure as admirable values, worthy of being considered poetically pleasing, while in the Odyssey, Homer describes a luxurious daily life in rich detail. The mercantilist and economic nature of this epic comes forth in the form of ships and a raft and is illustrated by the character Odysseus who on one hand travels by sea, from tribulation to tribulation, always adapting with versatility, to the different local difficulties, according to whether or not he finds hospitality in foreign lands, and, on the other hand he does not abandon his exhaustive preoccupation with the home. In his world, the household (oikos) and the community (polis) compete for some important social functions, such as the administration of mercantile activities, livestock production, and even the protection of individuals against all sorts of violent crime. The city-state, nevertheless, took shape. Somehow, the public sphere appeared as a consequence of the economic development of the oikos, following private initiatives of powerful men. The period was the dawning of a new historic era Doutorado Lingüística Doutor em Linguística
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