A LÍNGUA E A LITERATURA: REFLEXÕES PARA UMA PEDAGOGIA COALESCENTE
Autor: | Telmo Verdelho |
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Rok vydání: | 2014 |
Předmět: |
língua e literature
Higher education language and literature língua e literatura media_common.quotation_subject Teaching method erosion of daily word language and literary memory língua e memória literária Reading (process) Sociology didática da língua Curriculum media_common Grammar business.industry semiotic heterogeneity heterogeneidade semiótica General Medicine language.human_language Linguistics Linguistic competence Philology language didactics of language desverbalização do colóquio quotidiano Portuguese business |
Zdroj: | Revista de Estudos Literários; Vol. 3 (2013): Ensino da Literatura; 13-53 |
ISSN: | 2183-847X 2182-1526 |
DOI: | 10.14195/2183-847x_3_1 |
Popis: | Over the past fifty years, the teaching of language and literature in primary and secondary schools and in higher education has undergone major changes which are reflected in epistemological models, pedagogical methods and syllabi. Two aspects that require examination are the reduction of school time alloted to literary reading and the pedagogical integration or separation between the teaching of language and the teaching of literature. The teaching of Portuguese fulfilled the consensual mission of “enriching and improving” the use of a cultured language, modeled on literary standards, including the teaching of grammar rules and the lesson of the classics. The study of grammar had already begun in the late 18th century, as ancillary to Latin learning, but the subject ‘Portuguese Language’, including the history of literature, was established as an essential content of public education only in the mid-19th century, with the founding of the “Liceus”. Its epistemological justification was based on the science of Philology, which was the main legacy of classical culture and of the European and humanist tradition cultivated in universities. After the 1960s, there were vast and fast changes in school attendance, in the function of education, and in syllabus and teaching methodologies. “Liceus” and “Philologies” were discontinued, arts and visual semiotics developed, scientific theories multiplied, and literary and linguistic terminologies changed. There were also other crucial transformations such as removal of Latin from the school curriculum, occupation of reading time by audiovisual recreation, devaluation of daily spoken interaction, and a drastic obliteration of classical literary memory at school and in the public sphere. Simultaneously, the revision of the school curriculum insists on a teaching doctrine almost exclusively based on theories of language and in elementary drilling of language structures, deprived of literary complexity and interaction. The separation between language and literature is polarized, without any noticeable advantage for the teaching of language, while the richness of the literary legacy is forgotten. What is obvious is that literary texts feedback on the creative and functional affordances of language. The lusophone literary legacy is a great treasure of the creative uses of language, providing many instances of appealing reading and undeniable effectiveness for the development of language competence at all levels of education and for all types of discourse. O ensino da língua e da literatura, nas Escolas Básicas e Secundárias e também no Ensino Superior, ao longo dos últimos cinquenta anos, foi objeto de grandes mudanças, nas motivações epistemológicas, nos métodos pedagógicos e nos conteúdos programáticos. Entre os aspetos que mais solicitam um refletido questionamento, encontra-se a degradação do tempo escolar de leitura literária e a sintonia ou disjunção pedagógica entre a língua e a literatura. A lecionação do português desempenhava consensualmente a missão de “enriquecer e aperfeiçoar” o uso da língua culta, modelada na expressão literária, e abrangia o ensino da gramática normativa e a lição dos clássicos.O estudo da gramática, como ancilar da aprendizagem do latim, começara já no final do século XVIII, mas a disciplina de língua portuguesa,incluindo a história da literatura, foi instituída como núcleo essencial do ensino público pelos meados do século XIX, a partir da criação dos Liceus. A motivação epistemológica encontrava-se na ciência da Filologia, herança principal da cultura clássica e da tradição humanista e europeia, cultivada nas Universidades. A Filologia era entendida num âmbito alargado, integrador das “artes sermocinales”, da produção literária e das ciências da palavra transmitida pela memória escrita. A partir dos anos sessenta do século passado, verificou-se uma amplíssima e apressada transformação na frequência escolar, no objeto de ensino,nos conteúdos programáticos e nas metodologias didáticas. “Descontinuaram-se” os Liceus e a Filologia, desenvolveram-se as artes e as semióticas visuais; multiplicaram-se as teorias científicas e alteraram-se as terminologias linguístico-literárias da mediação pedagógica. Ocorreram também outras decisivas mudanças, tais como a desescolarização do latim, a ocupação audiovisual dos ócios e tempos livres em prejuízo do tempo de leitura, a desverbalização do colóquio quotidiano, e uma drástica obliteração da memória literária clássica, na escola e no espaço de circulação da palavra pública. Esta nova “administração” da palavra parece ter degradado globalmente o uso da língua e a vivência literária. Simultaneamente, na programação escolar julgou poder otimizar-se a competência dos «aprendentes» insistindo numa doutrina didática quase exclusivamente baseada nas teorias linguísticas e na exercitação dos discursos elementares, «aliviados» da complexidade e interação literária. Polarizou-se a disjunção língua e literatura, sem vantagem verificada para o ensino da língua, e obliterou-se a grande memória patrimonial que distingue a riqueza dos idiomas. O que é óbvio é que o texto literário interage e exercita a disponibilidade criativa e funcional da língua. E, por cúmulo, o património literário lusófono é um excelente tesouro dos recursos criativos da língua portuguesa, e oferece exemplos de leitura apelativa e motivadora e de incontestável eficácia, para o estudo e provimento da competência linguística, a todos os níveis e para todos os discursos. |
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