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O presente artigo visa analisar o rio Anhembi, chamado Tietê depois do século XVIII, dando destaque à sua fundamental importância para a fixação das populações indígenas e, posteriormente, da sociedade colonial instalada a partir do século XVI, no Planalto de Piratininga. Esta região era o centro de uma ampla rede hidrográfica, e formada por várzeas, campos e colinas, situada depois da Serra do Mar, cadeia montanhosa próxima ao litoral. No planalto, aproveitando-se de uma densa presença Tupi, e de seus saberes acumulados, jesuítas e colonos assentaram-se gradativamente através de alianças, guerras, escravização e mestiçagens, formando a vila de São Paulo (Capitania de São Vicente). O rio Anhembi e seus afluentes garantiriam alimento, água e formas de circulação. Tanto a jusante quanto a montante, o rio serviu aos processos de expansão do núcleo paulista, alargando sua área de influência e conformando uma espacialidade colonial, na qual ele atuou como eixo estruturante. Ademais, o rio permitiu relações, pacíficas e conflituosas, com as áreas espanholas da América, interiores, sobrepondo relações coloniais às relações entre tupis e guaranis. Dessa forma, seguindo o fluxo do rio, que corre a oeste desde a Serra do Mar, o espaço colonial se estruturou num continuum que articulava o litoral, o planalto e o sertão. This article aims to analyze the Anhembi River, called Tietê after the 18th century, highlighting its fundamental importance for the settlement of indigenous populations and, later, of the colonial society installed from the 16th century on the Piratininga Plateau. This region was the centre of a wide hydrographic network and formed by floodplains, fields and hills, located after Serra do Mar, a mountain range close to the coast. On the plateau, taking advantage of a dense Tupi presence and their accumulated knowledge, Jesuits and settlers gradually settled through alliances, wars, enslavement and miscegenation, forming the village of São Paulo (Captaincy of São Vicente). The Anhembi River and its tributaries would guarantee food, water and circulation. Both downstream and upstream, the river served the expansion processes of the São Paulo nucleus, expanding its area of influence and forming a colonial spatiality, in which it acted as a structuring axis. In addition, the river allowed peaceful and conflictive relations with the Spanish areas of America, located in the interior, overlapping colonial relations over the relations between Tupi and Guarani. Thus, following the flow of the river, which flows west from Serra do Mar, the colonial space structured in a continuum that articulated the coast, the plateau and the hinterland. |