AS CRIANÇAS NEGRAS DA CASA DE SÃO JOSÉ NO RIO DE JANEIRO (1888-1916): RELAÇÕES RACIAIS NO DEBATE SOBRE A EDUCAÇÃO

Autor: THAYSA SEGAL CASELI
Přispěvatelé: JEFFERSON DA COSTA SOARES, PATRICIA COELHO DA COSTA, ALESSANDRA FROTA MARTINEZ DE SCHUELER
Rok vydání: 2021
Zdroj: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron:PUC_RIO
DOI: 10.17771/pucrio.acad.52646
Popis: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO A historiografia educacional brasileira, em sua vertente tradicional, fez circular a ideia de que os negros não frequentaram a escola até o século XIX. Esta pesquisa busca, sobretudo, analisar a relação entre a população negra e a escola, através das experiências de alunos da Casa de São José. A partir da análise documental dos registros escolares desta instituição, espaço de profissionalização no Rio de Janeiro, criado três meses após a Abolição, foi possível verificar o desenvolvimento do perfil racial dos alunos, que em sua origem contava com uma representação de alunos negros superior à de brancos. Com base em Mattos (2013) e Müller (2003) o clareamento percebido na evolução das matrículas, após a primeira década de funcionamento, foi compreendido por um lado como estratégia de distanciamento dos estigmas da escravidão, por outro como branqueamento, em razão da criação de estratégias não anunciadas que impediam o acesso de pessoas que se distanciavam dos padrões físicos e culturais desejados. Os pensamentos decoloniais influenciaram as interpretações acerca de tais práticas universalistas, tendo em vista que o padrão de poder eurocentrado, construído aos poucos pelos colonizadores e perpetuado mesmo após a descolonização, era exercido em nome da tentativa de homogeneização cultural, histórica, social, política, econômica, através de estruturas de controle que utilizaram a raça como base de classificação. The historiography of Brazilian education, in its traditional line, spread the idea that Afro-Brazilians did not attend school until the nineteenth century. This study particularly aims to investigate the relationship between the Afro-Brazilian population and schooling, through the experience of the students from The Casa de São José. From the documentary analysis of this institution’s records, a place for professional training in Rio de Janeiro and created three months after Slavery Abolition, it was possible to verify pupils´ racial profile development in this institution, which, at the beginning, revealed a larger representation of Black over White students. Based on Mattos (2013) and Müller (2003), the whitewashing in the enrolments progress, after ten years of the institution’s foundation, was understood on the one hand as a distancing strategy of slavery stigma and, on the other hand, as whitewashing due to the creation of unannounced strategies that prevented the access of people who distanced themselves from the desired physical and cultural standards. Decolonial thoughts influenced the interpretation of these given universalist practices, having in mind the Eurocentric power pattern gradually built by colonizers and perpetuated even after decolonization, which was held as an attempt of cultural, historical, social, political and economic homogenization through the control structures using race as a basis of classification.
Databáze: OpenAIRE