A escravidão no livro didatico de historia do Brasil

Autor: Pina, Maria Cristina Dantas
Přispěvatelé: Castanho, Sérgio Eduardo Montes, 1940, Lombardi, José Claudinei, Mattos, Selma Rinaldi de, Casimiro, Ana Palmira Bittencourt Santos, Sanfelice, José Luís, Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron:UNICAMP
DOI: 10.47749/t/unicamp.2009.447099
Popis: Orientador: Sergio Eduardo Montes Castanho Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Resumo: Esta tese analisa como a escravidão negra foi retratada nos livros didáticos de História do Brasil de João Ribeiro (1900), Rocha Pombo (1919) e Antônio Alexandre Borges dos Reis (1915), manuais utilizados no Ginásio da Bahia entre os decênios finais do século XIX e as décadas iniciais do século XX. A intenção foi perceber o lugar ocupado pelo negro na história do Brasil, construída por esses autores, e identificar as concepções de nação, trabalho e classe social presentes na sua narrativa histórica. Além disso, analisa-se o conteúdo dos livros didáticos, levando em consideração seu contexto e suas relações com os espaços institucionais em que foram utilizados. A investigação procurou estabelecer a relação entre o particular - o conteúdo sobre escravidão no livro didático - e o contexto mais amplo, isto é, considerou-se a totalidade histórica em que o objeto estava inserido. Dessa forma, adotou-se a premissa de que o livro didático de História do Brasil funcionou, naquele período, como instrumento para organizar, consolidar e justificar uma formação social específica, chamada nação brasileira, que foi gestada, articulada e organizada no momento em que o capitalismo mundial se converte no chamado Imperialismo. Os livros de História do Brasil, aqui tomados como objeto e fonte, foram analisados segundo três categorias: 1. história, apoiada nos pilares de tempo (periodização), acontecimento (fatos históricos) e teoria (explicação histórica); nação, percebida por intermédio do discurso de fundação (mito de origem), trajetória (feitos históricos, personagens históricas) e cultura (comunidade de crenças e valores); trabalho e classe social, demarcados pela visibilidade dos sujeitos históricos, suas relações e posição na estrutura social brasileira. Constatou-se que as narrativas construídas por estes autores sustentam-se na defesa de um caminhar evolutivo do Brasil em direção ao modelo de civilização européia, na qual a escravidão é condenada moralmente, mas justificada como necessidade econômica. O projeto defendido pelos autores é um projeto de classe, no caso, classes dominantes, o qual estabelece uma identidade nacional una, branca, cristã e liberal, e, acima de tudo, politicamente conservadora. Os livros didáticos foram utilizados nas instituições de ensino como maneira de instituir valores e formar adeptos ao projeto de nação liberal, gestado no final do Império, instituído com a Proclamação da República e responsável, em parte, pela manutenção de uma visão hierárquica entre os grupos raciais. Abstract: The present thesis examines how the black slavery was portrayed in Brazilian History textbooks by João Ribeiro (1900), Rocha Pombo (1919) and Antônio Alexandre Borges dos Reis (1915), which were manuals of instruction used at Ginásio da Bahia between the final decades of the nineteenth century and the early decades of the twentieth century. An understanding of the role played by Black slaves in the account of the History of Brazil written by these authors is searched, as well as, an identification of the concepts of nation, work and social class presented in the historical narrative of such leaning books. Besides, the content of the textbooks is analyzed taking into consideration its context and relations to the institutional domain in which they were used. The research sought to establish the relationship between the specific, i.e. the content on slavery in the textbooks, and the broader context, that is, the entire history in which the object was inserted. Thus, it was adopted as a premise that those textbooks were employed, during that period, as a tool to organize, consolidate and justify a particular social configuration called Brazilian nation, which was generated, established and organized when the global Capitalism was turning into the so-called Imperialism. The Brazilian History textbooks taken here as object and also source of study were analyzed from three categories: (1) history, collated from the concepts of time, periodicity and historical facts; (2) nation, seen through the foundation discourse and trajectory of Brazilian nationality; (3) work and social class, delimited by the visibility of historical subjects and their connections, and also by the role played by them in Brazilian society. It was founded that the narratives built by the authors argue in defense of an evolutionary path for Brazil toward the European model of civilization, in which slavery is morally condemned but economically justified as a need. The authors advocated a project of social classes, with regards to the dominant class, since it establishes a white, Christian, liberal and, above all, politically conservative national identity. In such context, the textbooks were employed in educational institutions as a way to set up values and obtain supporters for this project of liberal nation conceived at the end of the Empire and established from the Proclamation of Republic, contributing, in this way, to the maintenance of a hierarchical view among racial groups. Doutorado Filosofia e História da Educação Doutor em Educação
Databáze: OpenAIRE