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Introdução:A sífilis é uma doença infectocontagiosa, de evolução crônica, transmitida da mãe para o feto por via transplacentária ou por exposição a lesões sifilíticas durante o parto vaginal. Pode desencadear parto prematuro, baixo peso ao nascer, óbito fetal, morte neonatal, aborto e complicações decorrentes da infecção do recém-nascido. A incidência crescente de sífilis congênita no Brasil evidencia falhas dos serviços de saúde, particularmente da atenção ao pré-natal, pois o diagnóstico e tratamento da gestante são medidas relativamente simples e bastante eficazes na prevenção desta doença.Métodos:Coleta de dados a partir de registros feitos pelos docentes nas enfermarias de alojamento conjunto destinadas ao ensino de neonatologia entre o período de janeiro de 2020 a dezembro de 2022.Resultados:2580 neonatos foram acompanhados e 203 casos de sífilis em gestantes foram avaliados. Destes, 20 casos foram classificados como cicatriz sorológica (9,8%); 99 casos foram de mães adequadamente tratadas (48,8%) e 84 casos de inadequadamente tratadas (41,4%). A inadequação do tratamento envolveu esquema incompleto (17 casos), tratamento não realizado (33 casos), aumento da titulação do teste não treponêmico (VDRL) na maternidade (18 casos) e ausência de queda da titulação do VDRL realizado na maternidade (16 casos). Dentre os casos inadequadamente tratados, 6 recém-nascidos (3%) preencheram critérios para neurossífilis.Discussão:O número de gestantes inadequadamente tratadas para sífilis foi elevado, correspondendo a 41,4% do total de casos de sífilis na gestação. Pressupõe-se que o acesso ao pré-natal foi prejudicado, no período de tempo analisado, talvez pela pandemia do coronavírus ou, apesar do acesso disponível, existe deficiência na efetividade do tratamento da sífilis durante o pré-natal.Conclusão:Esse estudo traz questionamentos importantes sobre o tratamento de sífilis na gestação e serve de base para estudos maiores. Os resultados obtidos são preocupantes para a saúde pública e geram impacto importante, com internação hospitalar prolongada, exposição do RN a antibióticos, alteração da relação mãe e filho, além de gerar gastos desnecessários. |