Passos em falso da razão antiimperialista: Bourdieu, Wacquant, e o Orfeu e o Poder de Hanchard

Autor: John French
Rok vydání: 2002
Předmět:
Zdroj: Estudos Afro-Asiáticos, Volume: 24, Issue: 1, Pages: 140-97, Published: 2002
Estudos Afro-Asiáticos v.24 n.1 2002
Estudos Afro-Asiáticos
Universidade Cândido Mendes (UCAM)
instacron:UCM
ISSN: 0101-546X
DOI: 10.1590/s0101-546x2002000100005
Popis: Os estudos afro-americanos, assim chamados e praticados nos Estados Unidos, são um instrumento de imperialismo cultural? Discussões de raça, desigualdade ou opressão racial em outras sociedades, quando conduzidas por norte-americanos, devem ser vistas como "brutais intrusões etnocêntricas"? Estas estão entre as teses centrais de uma vigorosa polêmica de dois sociólogos franceses, Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant em um artigo de 1999 intitulado "Sobre as Artimanhas da Razão Imperialista". Como prova, Bourdieu e Wacquant chamam a atenção para o recente diálogo acadêmico transnacional sobre a questão racial no Brasil e denunciam a "imposição" de uma "tradição americana", "modelo" e "dicotomia" racial no Brasil. Em particular, eles atacam como um "veneno etnocêntrico" uma monografia de 1994, escrita por Michael Hanchard, sobre os movimentos brasileiros de consciência negra, Orfeu e o Poder: O Movimento Negro do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil, 1945-1988. O presente artigo disseca a caracterização errônea de Bourdieu e Wacquant do atual diálogo entre Estados Unidos e Brasil a respeito da diáspora africana no Novo Mundo. Ele identifica seus principais passos em falso e erros de julgamento e oferece uma crítica do modelo esquemático de circulação intelectual que os autores propõem no artigo. Depois de demonstrar a sua representação radicalmente equivocada do Orfeu e o Poder de Michael Hanchard, o presente artigo termina com uma discussão a respeito do recente boom de publicações acadêmicas, escritas tanto por brasileiros quanto por norte-americanos, que abordam questões de raça, cor e nação no Brasil a partir de uma perspectiva da diáspora. Are the Afro-American Studies - as called and practiced in the USA - an instrument of the cultural imperialism? Is it possible to consider race discussion, racial inequality or repression in other societies as a "brutal ethnocentric interference" when undertaken by North-Americans? The present article deeply analyses the mistaken characterization of Bourdieu and Wacquant about the present dialogue between United States and Brazil, related to the African diaspore in the New World. Besides, it points out their main missteps and misjudges. It also offers a critique of the schematic mode of intellectual circulation that those authors showed in their article "On the Cunning of Imperialist Reason". After demonstrating their strongly mistaken representation of Michael Hanchard's Orpheus and Power, the present article finishes with a discussion concerning the recent boom of academic publications, written either by Brazilians or North-Americans on race, color and nation in Brazil towards a diasporic perspective. Les études afro-américaines, ainsi dénommées et pratiquées aux États-Unis, seraient-elles un instrument d'impérialisme culturel? Les débats sur les races, les inégalités ou l'oppression raciale dans d'autres sociétés, lorsqu'ils proviennent de Nord-américains, doivent-ils être considérés comme des "brutales intrusions ethnocentriques"? Ces questions se trouvent dans la forte polémique déclenchée par deux sociologues français, Pierre Bourdieu et Loïc Wacquant, dans leur article de 1999 "Sur les Ruses e la Raison Impérialiste". Ces auteurs y invoquent le récent dialogue transnational sur la question raciale au Brésil tout en dénonçant "la contrainte" d'une "tradition américaine", "modèle" et "dichotomie" raciale au Brésil. Ils s'attaquent, en particulier, à une monographie - qu'ils considèrent comme un "poison ethnocentrique" - écrite en 1994 par Michael Hanchard sur les mouvements brésiliens sur la question noire Orfeu e o Poder: O movimento negro do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil, 1945-1988. On décortique ici la conception erronée que Bourdieu et Wacquant présentent sur l'actuel dialogue Brésil-États-Unis au sujet de la diaspora africaine dans le Nouveau Monde. On cherche à identifier leurs principaux faux pas et erreurs de jugement, tout en critiquant le modèle trop schématique de la circulation intellectuelle proposée par les deux auteurs. Après avoir montré leur vision tout à fait fausse de l'article de Hanchard, on présente une discussion sur le récent foisonnement de publications chez des auteurs aussi bien brésiliens que nord-américains touchant les questions de race, couleur de peau et nation au Brésil, d'après une perspective de la diaspora.
Databáze: OpenAIRE