Popis: |
Resumo Do início de 1840 até 1854 o governo britânico instalou a embarcação H.M.R.S. Crescent no porto do Rio de Janeiro para receber os africanos libertados dos navios negreiros e as tripulações destas embarcações até o julgamento do caso pelo Tribunal da Comissão Mista. A intenção era que essa embarcação servisse, ao mesmo tempo, como alojamento, hospital e prisão. Por meio da documentação consular britânica sobre o tráfico de escravos, este artigo explora a importância desse navio no “esquema de imigração africana” para as colônias das Índias Ocidentais, os benefícios dessa estratégia para os africanos libertados, e o que ela significou para o abolicionismo britânico. Da mesma forma, também avalia como a presença do Crescent incomodou as autoridades nacionais, que viram nele uma violação da soberania brasileira. Por último, conclui que as autoridades britânicas, ainda que motivadas pelo interesse da transferência de trabalhadores para as Índias Ocidentais, estavam de fato preocupadas com o bem-estar dos africanos. Abstract From the beginning of 1840 until 1854, the British government installed the vessel H.M.R.S. Crescent in the port of Rio de Janeiro to receive liberated Africans from slave ships and the crews of the same vessels until the judgment of the case by the Mixed Commission Court. The intention was that this vessel would serve, at the same time, as accommodation, hospital, and prison. With the British consular documentation on the slave trade, this article explores the importance of this ship in the “African immigration scheme” to the West Indian colonies, the benefits of this strategy for liberated Africans, and what it meant for British abolitionism. Likewise, it also assesses how the presence of the Crescent bothered the national authorities, who saw it as a violation of Brazilian sovereignty. Finally, it concludes that the British authorities, although motivated by an interest in transferring workers to the West Indies, were in fact concerned with the well-being of Africans. |