A geografia das regiões tropicais na produção científica da revista Finisterra, 1966-2021: uma análise bibliométrica

Autor: Silva, Diogo Gaspar
Přispěvatelé: Repositório da Universidade de Lisboa
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2022
Předmět:
Popis: Os debates académico-institucionais de maior projeção internacional acerca do conhecimento geográfico produzido sobre regiões tropicais têm privilegiado os discursos e práticas dos mundos anglófono e francófono e silenciado os contributos de outras comunidades epistémicas semiperiféricas que também se destacam pela sua atividade científica no «mundo tropical», como a «Escola Geográfica de Lisboa». Mobilizando métodos bibliométricos, este artigo revela uma dessas «histórias alternativas» ao examinar a produção científica publicada sobre regiões tropicais na Finisterra: Revista Portuguesa de Geografia entre 1966 e 2021. Os resultados sugerem que essa produção científica: (i) foi mais significativa entre 1966 e 1985, período em que predominaram estudos anteriores à descolonização da «África tropical portuguesa»; (ii) tem-se revalorizado devido à recente incorporação editorial das problemáticas académicas da América Latina; (iii) caracterizou-se inicialmente pela relevância de estudos geomorfológicos e de geografia urbana, regional e da população assinados por duas gerações de geógrafos associados à «Escola Geográfica de Lisboa» , enquanto atualmente predominam publicações de geografia política/geopolítica, urbana e económica produzidas, sobretudo, por autores brasileiros; (iv) experienciou, em particular no domínio disciplinar da geografia humana, reconfigurações epistemológicas que originalmente se apoiam na tradição vidaliana e que na atualidade assentam em discursos e práticas relativas ao desenvolvimento desigual e à crítica colonial. Este artigo constitui a primeira abordagem sistemática do «conhecimento geográfico tropical» publicado numa revista académica portuguesa e os seus resultados pretendem alargar os debates académico-institucionais sobre a circulação dos saberes geográficos de um campo disciplinar até aqui silenciado.
Los debates académico-institucionales de mayor proyección internacional sobre el conocimiento geográfico producido sobre las regiones tropicales han privilegiado los discursos y prácticas de los mundos anglófono y francófono y silenciado los aportes de otras comunidades epistémicas semiperiféricas que también se destacan por su actividad científica en el «mundo tropical», como la «Escuela Geográfica de Lisboa». Movilizando métodos bibliométricos, este artículo revela una de estas «historias alternativas» al examinar la producción científica publicada sobre las regiones tropicales en Finisterra: Revista Portuguesa de Geografía entre 1966 y 2021. Los resultados sugieren que esta producción científica: (i) fue más significativa entre 1966 y 1985, período en el que predominaron los estudios previos a la descolonización del «África tropical portuguesa»; (ii) ha sido revalorizada debido a la reciente incorporación editorial de temas académicos de América Latina; (iii) se caracterizó inicialmente por la relevancia de los estudios geomorfológicos y de geografía urbana, regional y poblacional firmados por dos generaciones de geógrafos asociados a la «Escuela Geográfica de Lisboa», mientras que actualmente predominan las publicaciones sobre geografía política/geopolítica, urbana y económica producidas principalmente por autores brasileños; (iv) experimentó, en particular en el dominio disciplinario de la geografía humana, reconfiguraciones epistemológicas que se basaron originalmente en la tradición vidaliana y que actualmente se basan en discursos y prácticas relacionados con el desarrollo desigual y la crítica colonial. Este artículo es el primer acercamiento sistemático al «conocimiento geográfico tropical» publicado en una revista académica portuguesa y sus resultados pretenden ampliar los debates académico-institucionales sobre la circulación del conocimiento geográfico en un campo disciplinario hasta ahora silenciado.
Academic and institutional debates of greater international projection on geographic knowledge produced about tropical regions have privileged the discourses and practices of the Anglophone and Francophone worlds while silencing the contributions of other semi-peripheral epistemic communities that also stand out for their scientific activity in the «tropical world» such as the «Lisbon School of Geography». Drawing on bibliometric methods, this paper uncovers one of these «hidden stories» by examining the scientific production published on tropical regions in Finisterra: Portuguese Journal of Geography between 1966 and 2021. Findings suggest that this scientific production: (i) was particularly significant between 1966 and 1985 when studies before the decolonization of «Portuguese tropical Africa» succeeded; (ii) has recently increased due to the editorial interest in academic issues based in Latin America; (iii) it was first known by the prominence of geomorphological studies and urban, regional, and population geography studies authored by two generations of geographers associated with the «Lisbon School of Geography» while publications on political/geopolitical, urban, and economic geography produced mainly by Brazilian authors have recently emerged; (iv) experienced particularly within human geography epistemological shifts that were originally based on the Vidalian tradition towards discourses and practices related to unequal development and colonial criticism. This article constitutes the first systematic approach to «tropical geographic knowledge» published in a Portuguese academic journal and its results aim to broaden the academic-institutional debates on the circulation of geographical knowledge in a disciplinary field hitherto silenced.
Les débats académiques-institutionnels de plus grande projection internationale sur les savoirs géographiques produits dans les régions tropicales ont privilégié les discours et les pratiques des mondes anglophone et francophone et passé sous silence les apports d'autres communautés épistémiques semi-périphériques qui se distinguent également par leur activité scientifique dans le «monde tropical», comme la «École Géographique de Lisbonne». Mobilisant les méthodes bibliométriques, cet article révèle l'un de ces «récits alternatifs» en examinant la production scientifique sur les régions tropicales publiés à Finisterra: Revue Portugaise de Géographie entre 1966 et 2021. Les résultats suggèrent que cette production scientifique: (i) a été plus significative entre 1966 et 1985, période où prédominaient les études antérieures à la décolonisation de «l'Afrique tropicale portugaise» ; (ii) a été revalorisée en raison de la récente incorporation éditoriale des questions académiques en Amérique latine; (iii) se caractérise initialement par la pertinence des études géomorphologiques et des études de géographie urbaine, régionale et de la population signées par deux générations de géographes associés à «l’École de Géographie de Lisbonne», tandis que se distinguent les publications sur la géographie politique/géopolitique, urbaine et économique produites principalement par des auteurs brésiliens; (iv) a enregistré, notamment dans le domaine disciplinaire de la géographie humaine, des reconfigurations épistémologiques qui s’appuyaient à l’origine sur la tradition vidalienne et qui reposent actuellement sur des discours et pratiques liés au développement inégal et à la critique coloniale. Cet article est la première approche systématique des «savoirs géographiques tropicaux» publiée dans une revue académique portugaise et ses résultats visent à élargir les débats académiques-institutionnels sur la circulation des savoirs géographiques dans un champ disciplinaire jusqu'ici passé sous silence.
Databáze: OpenAIRE