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Este trabalho objetiva relatar e discutir o HTLV como causa de proliferação linfóide atípica favorecendo linfoma não-Hodgkin. O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) é considerado um retrovírus humano que causa infecção duradoura, sendo classificado em dois grupo: HTLV-1 e HTLV-2. Dos portadores de HTLV, 90% permanecem assintomáticos e provavelmente não serão diagnosticados com o vírus durante a vida. Contudo, aproximadamente 5% desenvolvem manifestações clínicas graves, com prognóstico como a leucemia/linfoma de células T do adulto. A transmissão do HTLV ocorre pelo contato sexual, por compartilhamento de agulhas, pela transfusão de sangue, por transplante de órgãos e de forma vertical. As mulheres representam cerca de 75% dos casos do vírus. O diagnóstico do HTLV-1 é realizado em duas etapas, primeiramente é feito o rastreamento por meio do ELISA e após o teste confirmatório por Western-Blot; Além, para diferenciação entre HTLV-1 e o HTLV-2 é realizado PCR -porém as cepas são indiferentes para o prognóstico. A exemplificar, caso de paciente masculino, 39 anos, negro, carga tabágica de 20 anos/maço, fazendo uso de maconha e cocaína eventualmente. Relata perda ponderal de 10 kg em 10 dias e febre vespertina há mais de 2 semanas. Ao exame físico, observa-se linfonodomegalias cervicais e à palpação, cadeias linfonodais aumentadas em região submandibular, retroauricular, supraclavicular e axilar, dolorosas e aderidas aos tecidos subjacentes de consistência pétrea. Relata linfonodomegalia em região inguinal, implicando na deambulação. São solicitados exames laboratoriais com resultados: Hb 13,7; leucócitos 9.840; plaquetas 451.000; cálcio iônico 6,1; lactato desidrogenase 622. Demais laboratoriais dentro dos valores de referência. Sorologias encontradas: toxoplasmose IgG (+); CMV IgG (+); EBV IgG (+); HTLV (+). Aos exames de imagem, são observadas linfonodomegalias em cadeia cervical, paraesofágica, retrocrural; em hilos pulmonares e cadeias intra-pulmonares; diversas linfonodomegalias junto ao hilo hepático e em retroperitônio; adenomegalias inguinais. Realizada biópsia inguinal, mostrando proliferação linfóide atípica, indicando linfoma não-Hodgkin com marcadores imunohistoquímicos CD3 +; CD4 +; CD2 +; CD25 -; TCRBF1 + e Ki67 40%, compatível de linfoma/leucemia de células T do adulto associado ao HTLV (LLcTA associado a HTLV), cursando com hipercalcemia de malignidade. Completado estadiamento da doença com biópsia de medula óssea, RNM de crânio, análise liquórica e endoscopia digestiva alta. Nenhum dos exames evidenciou comprometimento por linfoma de alto grau. Ao PET-CT, nota-se presença de massa bulky cervical bilateralmente, doença extensa supra e infradiafragmática, bem como infiltração óssea. Caracteriza-se, assim, estadio IVb. Paciente seguiu protocolo quimioterápico CHOEP de 6 ciclos e encaminhado para transplante de medula óssea em remissão. |