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Em 1966, na edição portuguesa de A Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade, Luiz Pacheco publicou o texto “O Sade Aqui entre Nós”, um dos mais provocatórios documentos de denúncia das interpretações da obscenidade e da marginalidade veiculadas pelo regime do Estado Novo. Nesse texto, Pacheco parte da figura de Sade para desenvolver uma teoria da libertinagem em torno da qual se relacionam muitos dos aspetos essenciais para uma adequada compreensão da sua obra. É a partir do contraponto entre a teoria da libertinagem proposta pelo autor e a doxa veiculada pelo regime totalitário português, e em diálogo com as categorias definidas por José Cardoso Pires, na obra A Cartilha do Marialva (1960), que procuro expor a noção de aintimarialvismo libertino. En 1966, dans l'édition portugaise de La philosophie dans le boudoir, du Marquis de Sade, Luiz Pacheco publie le texte « O Sade Aqui entre Nós » (« Sade ici entre nous »), un document extrêmement provocateur dénonçant la conception de l’obscénité et de la marginalité selon le régime de l’Estado Novo. Dans ce texte, Pacheco utilise la figure de Sade pour développer une théorie du libertinage qui recèle un grand nombre d’aspects essentiels pour la compréhension de son œuvre. À travers la confrontation entre la théorie du libertinage proposée par l’auteur et la doxa véhiculée par le régime totalitaire portugais, et à l’aune des catégories définies par José Cardoso Pires, dans son œuvre A Cartilha do Marialva (1960), je cherche à élucider la notion de « antimarialvismo libertin ». In 1966, in the Portuguese edition of La philosophie dans le boudoir, by the Marquis de Sade, Luiz Pacheco published the text “O Sade Aqui entre Nós” (“Sade here between us”), an extremely provocative document denouncing the conception of obscenity and marginality according to the “Estado Novo” regime. In this text, Pacheco uses the figure of Sade to develop a theory of libertinism that contains a great number of essential aspects for an adequate understanding of his work. Through the confrontation between the theory of libertinism proposed by the author and the doxa conveyed by the Portuguese totalitarian regime, and in dialogue with the categories defined by José Cardoso Pires, in the work A Cartilha do Marialva (1960), I analyse here the notion of “libertine aintimarialvismo”. |