From the dreaming to the gallery : Australian aboriginal art as a locus for intercultural dialogue and tension

Autor: Ilana Seltzer Goldstein
Přispěvatelé: Lea, Vanessa, 1953, Lea, Vanessa Rosemary, 1953, Lagrou, Elsje Maria, Baumgarten, Jens Michael, Thomaz, Omar Ribeiro, Muller, Regina Polo, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2012
Předmět:
Zdroj: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
instacron:UNICAMP
Popis: Orientador: Vanessa Rosemary Lea Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Resumo: A arte contemporânea dos povos indígenas da Austrália é um fenômeno sui generis e ainda pouco conhecido no Brasil. Ancora-se em práticas e valores tradicionais, e, ao mesmo tempo, está inserida nas instituições museológicas e no mercado de arte. Na Austrália, sua valorização e institucionalização vêm ocorrendo, gradualmente, desde os anos 1970, graças a uma rede de apoio intersetorial e interétnica, abrangendo de órgãos públicos a cooperativas de artistas, de prêmios a leilões. O reconhecimento internacional se faz igualmente notar em iniciativas como a encomenda feita a oito aborígines australianos, em 2006, para que realizassem intervenções permanentes no edifício do Musée du Quai Branly, em Paris. Do ponto de vista formal, trata-se de uma produção muito diversificada, que pode ser dividida em movimentos ou estilos regionais, como a pintura "abstrata" de tinta acrílica sobre tela do Deserto Central, a pintura figurativa de pigmentos naturais sobre entrecasca de árvore de Arnhem Land e as aquarelas de paisagem de Hermansburg. O conteúdo remete quase sempre a feitos dos ancestrais e a fragmentos do Dreaming - uma espécie de tempo mítico comum a todas as etnias -, apesar de alguns pintores optarem por retratar cenas históricas trágicas, relativas ao encontro com os brancos. Destinada prioritariamente ao público externo, a pintura aborígine australiana é distribuída por uma rede composta por dezenas de centros de artes comunitários, dirigidos pelos próprios artistas, com o auxílio de agentes mediadores. Assim, as principais questões que nortearam a pesquisa foram: Como ocorreu a transformação de práticas tradicionais indígenas em arte contemporânea, na Austrália? Quais os papéis e os interesses das organizações indígenas e do governo, respectivamente, na montagem da chamada Indigenous art industry? Como operam as noções de autoria, autenticidade e propriedade intelectual, nesse contexto? Por que o mesmo país que massacrou seus nativos, até tão pouco tempo atrás, agora fomenta a produção artística indígena e incorpora elementos aborígines na construção da identidade nacional? Para buscar responder a tais questões, inspirei-me - principal, mas não exclusivamente - em autores e debates da antropologia da arte: Howard Morphy e seu questionamento das definições eurocêntricas de arte e artista; Alfred Gell e sua abordagem das agências envolvidas no processo artístico; Sally Price e sua discussão da postura primitivista no circuito euroamericano de museus e galerias; Sherry Errington e sua problematização da ideia de autenticidade, entre outros. Baseei-me também em pesquisa de campo, realizada junto a cerca de 30 organizações australianas, entre galerias comerciais, museus públicos, cooperativas indígenas e agências estatais, e ainda em alguns museus e galerias europeus. O objetivo era investigar os mecanismos, as relações e tensões inerentes a um sistema que, se por um lado oferece uma rara oportunidade de geração de renda e visibilidade para as comunidades indígenas australianas, por outro lado suscita impasses éticos e jurídicos de difícil resolução. Ao cabo do percurso, fica claro que a arte indígena da Austrália serve, hoje, como um raro locus de comunicação entre os povos nativos e a sociedade envolvente, uma plataforma sobre a qual se constrói - nem sempre harmonicamente - um produto intercultural de grande apelo estético, cujas exposição e comercialização acarretam impactos simbólicos, econômicos e políticos Abstract: Contemporary Australian Indigenous art is a complex and sui generis phenomenon, still scarcely known in Brazil. While rooted in traditional cosmologies and practices, it has also found its place in museological institutions and in the art market. Since the seventies, its recognition as well as an institutionalization process have been gradually taking place in Australia, due to an intersectoral and interethnic support network, comprising from government agencies to artist cooperatives, from art awards to auctions. International prominence has been achieved through initiatives such as the commission of eight Australian Aboriginal artists, in 2006, to conduct permanent interventions in the building of the Musée du Quai Branly, in Paris. From the formal point of view, the works are much diversified. They can be classified according to artistic movements or regional styles, such as the "dot paintings" made with acrylic paint on canvas from the Central Desert, the figurative painting using natural ochres over the inner bark of trees from Arnhem Land; or the landscape watercolors from Hermansburg. Although some artists prefer to depict historical scenes from the tragic encounter with white people, the art motives are usually fragments of Dreaming - recounting the journey and actions of ancestral beings that created the natural world and the social rules. Intended mainly for an external public, Australian Aboriginal painting is distributed by a network composed of dozens of community art centers, managed by the artists themselves with the help of mediators. Thus, the main issues that guided this research were: How were traditional Indigenous practices transformed into contemporary art in Australia? Which were the interests and roles played by Indigenous organizations and the government, respectively, in the making of the so-called Indigenous art industry? How do the notions of authorship, authenticity and intellectual property operate in this context? Why does the same country that was responsible for the massacre of its natives, until recently, now foster Indigenous artistic work and incorporate Aboriginal cultural elements into the construction of its national identity? In order to answer these questions I sought inspiration - mainly but not exclusively - in authors and debates from the anthropology of art: Howard Morphy and his discussion on the Eurocentric definitions of art and artist; Alfred Gell and his form of addressing the various agencies involved in the artistic process; Sally Price and her debate of Western attitudes towards the "primitive" art in the Euro-American circuit of museums and galleries; Sherry Errington and her problematization of authenticity. I have also done fieldwork, conducted with approximately thirty Australian organizations, ranging from commercial galleries to public museums, Indigenous cooperatives and state agencies, as well as with certain European institutions. The purpose of this research was to investigate the mechanisms, relations and tensions inherent to a system that, on the one hand, offers a rare opportunity of income generation and visibility for Australian Indigenous communities, and, on the other hand, raises impasses of difficult resolution. In the end, it becomes clear that Indigenous art today stands as a privileged locus of communication between native people and the society at large, through which an intercultural product of great aesthetic appeal is construed (not necessarily in a harmonious manner), the exhibition and commercialization of which create symbolic, economic and political impact Doutorado Antropologia Social Doutor em Antropologia Social
Databáze: OpenAIRE