Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência
Autor: | Nanci Nascimento de Souza |
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Přispěvatelé: | Ana Szpiczkowski, Maria Luiza Tucci Carneiro, Flavia Ines Schilling |
Rok vydání: | 2015 |
Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP Universidade de São Paulo (USP) instacron:USP |
DOI: | 10.11606/d.8.2013.tde-05082013-093018 |
Popis: | Este trabalho consiste em analisar documentação referente à educação clandestina de crianças em idade inferior a quinze anos, no gueto de Varsóvia, durante a Segunda Guerra Mundial, quando Hitler, ao invadir a Polônia em 1939, ordenou o confinamento dos judeus em guetos. A citada documentação se refere aos diferentes olhares daqueles que se debruçaram a escrever sobre a educação nesse gueto, tais como: o olhar institucional, o olhar dos educadores e o olhar das crianças. Por meio dessa análise, buscou-se compreender a forma de organização e o andamento das atividades desenvolvidas pelo ensino clandestino, além de conhecer a percepção institucional, dos educadores e crianças envolvidos nesse processo educacional. Entre os documentos analisados, há referências à organização da educação clandestina em todos os níveis e em diversos lugares dentro do gueto. Em se tratando das crianças, faz-se menção à Central de Associações de Proteção aos Órfãos e Crianças Judias Abandonadas (Centos) oferecendo à criança cuidados sistemáticos de sobrevivência e educação; e às diversas organizações educativas de antes da guerra patrocinando em cantinas [refeitórios] um ensino mais próximo do ensino escolar, como por exemplo, a Organização ou União Central das Escolas Judaicas (TsYShO). Evidenciou-se que a educação foi um dos mais importantes cenários para a resistência individual e coletiva. A organização do ensino e as atividades educacionais foram orientadas às necessidades da criança como da comunidade. O momento exigiu que uma atitude social fosse tomada em conjunto com medidas educativas, assim, a educação velou pela vida física, emocional e, na medida do possível, pela vida intelectual da criança. O seu desenvolvimento intelectual, embora importante, não era entendido como prioritário apesar de serem ministradas disciplinas tais como geografia, história, matemática e literatura. Para tornar as atividades educacionais mais atrativas e desviar a atenção da criança da obsessão pela comida, o desenho, os jogos e as canções ocuparam espaço prioritário no atendimento à criança. Currículos foram elaborados de acordo com as prioridades ditadas pela situação extrema. O educador teve como missão prioritária a sobrevivência da criança e sua dignidade humana, por meio de cuidados sistemáticos procurou regastar a infância da criança, dando ao seu dia a dia um senso de normalidade: a criança deveria voltar a brincar, aprender, interessar-se pelos jogos e pelo ensino, deixar a mendicância, os roubos e o contrabando. Patrocinadores do ensino clandestino no gueto elaboraram seus objetivos e métodos com base nas experiências e reflexões de vários educadores, considerando princípios de higiene, alimentação, companheirismo, autogestão, atividades ligadas à natureza. A educação agiu como fomentadora da cultura e da história judaica, fadada, segundo a perspectiva nazista, ao aniquilamento, oferecendo à criança uma vida cultural intensa, com espetáculos e danças, concertos, concursos, entre outras atividades culturais. A educação considerou o momento presente da criança permitindo que adultos e crianças reagissem à realidade de modo a transformá-la, recorreu ao passado histórico fortalecendo na criança sua memória histórica e cultural e visualizou um futuro com possibilidades, no qual a criança sobrevivente à guerra daria continuidade a sua vida como indivíduo e como povo com história e memória. This work consists of analyzing documentation regarding the clandestine education of children bellow the age of fifteen, in the Warsaw ghetto, during World War II, when Hitler to invaded Poland in 1939, ordered the confinement of Jews in ghettos. The aforementioned documentation refers to the different perspectives of those who have with hard work wrote about education in this ghetto, such as the institutional view, the view of educators and children view. Through this analysis, we sought to understand how the organization and progress of activities undertaken by clandestine teaching, plus the institutional perception, of educators and children involved in the educational process. Among the documents reviewed, there are references to clandestine organization of education at all levels and in various locations within the ghetto. In the case of children, mention is made of the Central Association for the Protection of Orphans and Abandoned Jewish Children (Centos) providing systematic care for the child survival and education, and various educational organizations before the war in sponsoring canteens [dining] a teaching closest school education, such as the Organization or Union Central of Jewish Schools (TsYShO). It was evident that education was one of the most important scenarios for individual and collective resistance. The organization of teaching and educational activities were geared to the needs of the child and the community. The time required that a social attitude was taken in conjunction with educational measures thus ensured education for life physically, emotionally and, to the extent possible, the intellectual life of the child. Your intellectual development, while important, was not seen as a priority despite being taught subjects such as geography, history, math and literature. To make the educational activities more attractive and divert attention from the child\'s obsession with food, design, games and songs occupied space priority in child care. Resumes were prepared in accordance with the priorities dictated by extreme situation. The educator had as mission priority child survival and human dignity through systematic care sought regastar childhood of the child, giving your everyday life a sense of normalcy: the child should return to play, learn, interest in by games and teaching, let begging, theft and smuggling. Sponsors clandestine teaching in the ghetto set their goals and methods based on the experiences and reflections of various educators, considering principles of hygiene, food, companionship, self-management activities related to nature. Education acted as fomenting culture and Jewish history, doomed from the perspective Nazi annihilation, offering the child a rich cultural life with performances and dances, concerts, contests, and other cultural activities. Education considered the present moment the child allowing adults and children react to reality in order to transform it, historical past resorted to strengthening child in his historical and cultural memory and envisioned a future of possibilities, in which the child survivor of the war would continue their lives as individuals and as a people with history and memory. |
Databáze: | OpenAIRE |
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