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Neste trabalho, discute-se a aprendizagem cultural de crianças de dois anos do seu entorno social, examinando, a partir de uma perspectiva sociointeracionista, o modo como participam de brincadeiras que se efetivam no grupo de brinquedo. 20 crianças foram observadas duas vezes por semana, durante 45 dias, perfazendo um total de 11 sessões videogravadas com duração média de 24 minutos. Elas brincavam livremente em espaços de um Centro Municipal de Educação Infantil, em Recife. Foram identificados e transcritos 56 episódios de brincadeiras. A análise qualitativa evidencia que as crianças trazem para a situação de interação com seus pares (microcultura) conhecimentos produzidos em diferentes ambientes sociais (macrocultura). Conhecimentos da cultura popular foram inferidos a partir dos comportamentos observados em uma encenação de maracatu e em um jogo de capoeira. O protagonismo das crianças indica que convenções e regras são respeitadas e compartilhadas, o que garante a negociação de significados e transmissão da cultura, mesmo em crianças bem novas. Imitação, ações complementares e cooperativas parecem contribuir na manutenção e reconstrução de conhecimentos com os parceiros. Sublinha-se a importância de se propiciar um contexto coletivo de desenvolvimento para instigar a participação das crianças na assimilação e construção da microcultura do grupo. |