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Anemia aplásica é uma doença das células-tronco hematopoiéticas que resulta na perda dos precursores dos eritrócitos, hipoplasia ou aplasia da médula óssea e citopenia de duas ou mais linhagens celulares (eritrócitos, leucócitos e/ou plaquetas). Seus sinais e sintomas abrangem anemia severa, trombocitopenia que promove o aparecimento de petéquias, hematomas evoluindo para sangramentos, além da leucopenia que resulta em infecções. O seu diagnóstico é verificado quando verificada a pancitopenia periférica, realizada biópsia da medula óssea e o tratamento eleito pode ser a imunossupressão com globulina antitimocítica equina, administração de ciclosporina e o transplante de medula óssea. Este relato de caso clínico aborda paciente portadora de anemia aplásica, 4 anos de idade, assistida, inicialmente, na unidade de emergência hospitalar com hiperplasia gengival após uso de ciclosporina pelo período de 3 meses, apresentando sangramento intra-oral intenso, edema com dor aguda local, causado por mordedura do tecido gengival hiperplásico sobrepondo faces oclusais de molares decíduos esquerdos superiores. A conduta inicial foi realizada pela equipe médica visando estabilizar clinicamente a paciente. Posteriormente, a equipe odontológica executou higiene das ulcerações bucais, manobras hemostáticas locais associando antimicrobianos, analgésicos e fitoterápicos de ação tópica. Paciente permaneceu internada recebendo os cuidados terapêuticos médicos e odontológicos. Foi associada terapia fotobiomoduladora e PDT (Photodynamic therapy), porém, o quadro ulcerativo persistiu com aspecto violáceo, perda tecidual delimitada com exposição óssea, sugerindo lesão fúngica. No 15°dia de internação, após seu preparo hematológico pela equipe médica, realizou-se biópsia em cavidade oral e coleta de material para pesquisa de fungos. O resultado obtido no exame anatomopatológico foi positivo para Actinomyces sp, um microrganismo intermediário entre fungo e bactéria, o qual requer presença de outros patógenos para sua proliferação. A actinomicose pode ocorrer na forma cervicofacial em 50% dos casos, 20% toracopulmonares e 30% abdominopélvicas. Na região cervicofacial seu acomentimento se faz a partir da membrana bucal ou faríngea e o seu diagnóstico precoce ocorre em menos de 10% dos casos sendo confirmado pelo crescimento bacteriano. Observa-se lesões com grande reação fibrótica, aspecto necrótico central oriundo da hipovascularização tecidual, com baixo potencial de oxirredução e penetração antibiótica. As confirmações diagnósticas obtidas pelos resultados dos exames auxiliaram o ajuste da terapia medicamentosa pela equipe médica. As condutas médicas apoiadas pela atuação odontológica promoveram ajustes nas decisões terapêuticas, resultando no controle do quadro sistêmico viabilizando tratamento da paciente. |