A FIGURAÇÃO 'PROBLEMATIZADORA' DE GONÇALO RAMIRES

Autor: Ofélia Paiva Monteiro
Rok vydání: 2016
Předmět:
Zdroj: Revista de Estudos Literários; Vol. 4 (2014): Personagem e Figuração; 15-42
ISSN: 2183-847X
2182-1526
DOI: 10.14195/2183-847x_4_1
Popis: This study bases itself on a version of A Ilustre Casa de Ramires published in 1900, which differs considerably from the (incomplete) version found in the 1897-1899’s Revista Moderna. It is a veritable “character novel”, permeated with irony and containing the two vectors that serve as guidance for the protagonist’s intimate flowing and acting, bestowing upon him a fictional weight, in a multilayered weaving: thanks to his words, thoughts and actions, both vectors document the search of Gonçalo, a rural nobleman hailing from an ancient lineage of daring Ramires, for wealth, prestige and power. Nevertheless, we will find that Gonçalo is a figuration for the human fragility and plurality. There is no judging by a narrator with authority to end the novel; instead, we are left with mere opinions held by others about the nobleman. It is up to the reader to fill in these and other ambiguities of a novel that presents a great many deal of specific aspects in Eça’s work (even “latest Eça’s”).
Este estudo baseia-se na versão de A Ilustre Casa de Ramires publicada em 1900, muito diversa da surgida (incompleta) na Revista Moderna em 1897-1899. Verdadeiro “romance de personagem”, permeado de ironia, nele se entrelaçam, numa urdidura em polifacetado contraponto, os dois vetores que orientam o atuar e o fluir íntimo do protagonista, dando-lhe vulto ficcional: ambos documentam, através do que Gonçalo faz, diz e pensa a procura de riqueza, prestígio e poder por esse fidalgo rural, oriundo de uma antiquíssima linhagem de façanhudos Ramires. Não obstante, veremos que Gonçalo é uma figuração da fragilidade e pluralidade humanas. Nenhum juízo, emitido por um narrador com “autoridade”, termina o romance, que nos deixa tão-só sobre opiniões que outros emitem sobre o fidalgo. Cabe ao leitor preencher estas (e outras) ambiguidades de um romance que apresenta, na obra de Eça (mesmo do “último Eça”), muitos traços específicos.
Databáze: OpenAIRE