COMUNICAÇÃO RURAL

Autor: Zuin, Luís Fernando Soares
Jazyk: portugalština
Rok vydání: 2021
Předmět:
DOI: 10.5281/zenodo.4812954
Popis: Este livro é resultado dos trabalhos da minha Bolsa Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora, número do processo 310186/2012-9, concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq-Brasil), o qual agradeço pela sua contribuição financeira. Nesse estudo foi desenvolvido uma metodologia de comunicação dialógica baseada no ato do cotejo na atividade de tradução dos enunciados, que ocorrem nos encontros pedagógicos que ocorrem nos territórios rurais que criam gado de corte na América Latina. Uma comunicação dialógica, visando a internalização de novas tecnologias no campo de forma participativa entre extensionista rural, produtores rurais, funcionários e familiares. O corpus deste trabalho se deu a partir do encontro com dois conjuntos de textos trilhados pelo pesquisador. O primeiro uma seleção de textos pela leitura de autores como Sobral, Aslanav e Shinaiderman que teceram trabalhos sobre os processos de tradução de significados entre e na mesma língua. Neste caminho também foram empregados no desenvolvimento da metodologia de comunicação outros autores como Bakhtin da filosofia da linguagem, Larrosa junto com Freire (na educação de jovens e adultos em cursos de formação continuada, entre outros trabalhos. Todos esses autores foram empregados nessa pesquisa para auxiliar a compreensão dos caminhos da comunicação nos processos de ensino e aprendizado nos territórios rurais. O segundo conjunto de textos, foi percorrido por meio de uma análise do material coletado a campo com os extensionistas rurais e funcionários (vaqueiros), bem como os resultados dessa pesquisa1. Esses técnicos ao longo de sua carreira promoveram cursos, com os gerentes das fazendas e vaqueiros, nas práticas de BEA. O material coletado nos territórios rurais possui origem em outra pesquisa minha financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), número do processo 400491/2011-7, o qual também agradeço o apoio financeiro, cujo seu objetivo foi estudar o processo de ensino-aprendizagem de equipes que capacitam funcionários rurais na temática de BEA em fazendas produtoras de gado de corte. A metodologia de comunicação dialógica desenvolvida neste estudo com base no ato de cotejar sentidos e significados na atividade da tradução, visa contribuir com os processos de ensino-aprendizado nos territórios rurais, ajudando-os a se tornarem mais socialmente justos e ambientalmente sustentáveis. No cotidiano no campo são percorridos inúmeros caminhos interacionais nos territórios rurais que envolvem a comunicação nas suas práticas de ensino e aprendizado. A fim de analisar os caminhos pedagógicos e as interações viabilizadas pela comunicação percorridos por educadores, de alguns cursos de formação continuada para vaqueiros da América Latina, no tema de Bem Estar Animal para gado de corte. Foram analisados os seus encaminhamentos teóricos e atividades práticas, buscou-se identificar as suas semelhanças, diferenças e caminhos pedagógicos desses profissionais, tendo como referência a linguagem enquanto interação e produção de sentidos. 1 Zuin et al. (2014); Zuin et al. (2016); Zuin et al., (2019ab). Dessa maneira, verificou-se que nos encontros em seus cursos de formação continuada e assistências técnicas, o maior desafio desses educadores (extensionistas rurais) nas suas interações com os produtores, funcionários e demais sujeitos, que vivem e trabalham no campo, não a reside apenas na questão de como esses sujeitos aprendem, mas que também o que eles podem ensinar para os educadores. Sujeitos que em conjunto desenvolvam uma nova prática produtiva, que contribua para um ambientalmente genuinamente dialógico entre os participantes. Para que essa realidade seja concretizada, é necessária a construção de um ambiente educativo dialógico entre as pessoas que trabalham e vivem no campo e extensionista rural, com características equipotentes e polifônicas, de forma a atender a um conjunto de necessidades oriundas das várias organizações que compõem a cadeia produtiva agropecuária e seus consumidores, em determinado recorte no espaço-tempo. Uma relação de ensino e aprendizado significativa capaz de mudar uma rotina produtiva deve considerar os saberes-fazeres de todos os sujeitos que ali estão, uma vez que aquele que aprende também ensina. O encontro com relações horizontais entre o conhecimento técnico cientifico das organizações privadas e governamentais de pesquisa agropecuária e saberes-fazeres e os agricultores é que irá determinar em qual grau e profundidade será internalizada uma nova tecnologia no campo. Por isso, para a confecção do conteúdo deste livro foram pesquisados autores de distintas áreas do conhecimento, como os educadores Paulo Freire e Jorge Larrosa e o filósofo da linguagem, o russo Mikhail Bakhtin. Em complemento a esses autores, também foi empregado pesquisadores há um conjunto de atores que desenvolveram trabalhos a respeito dos vários caminhos do desbotamento e alargamento dos sentidos e significados das palavras, na vida, entre línguas e na mesma língua, no ato do cotejar enunciados na tradução. Neste estudo, foi desenvolvido um conjunto de caminhos pedagógicos e o empregou-se metodologias que buscam esse alargamento e desdobramentos de sentidos e significados, como uma sugestão nas rotinas produtivas, no operacional, a ser constituído na comunicação dos encontros pedagógicos entre extensionistas rurais e agricultores, nas mais variadas formas de pensar esses encontros inseridos em determinado tempo-espaço entre diferentes sentidos e significados. Provavelmente, o maior desafio dos extensionistas rurais nesses encontros pedagógicos é propiciar um ambiente interacional em que os conteúdos das pesquisas científicas desenvolvidas nas universidades e nos centros de pesquisas governamentais e privados de investigações agropecuárias em formas de comunicação e conteúdos para os cursos e assistência técnica que serão realizados para os produtores e demais sujeitos que residem nos territórios rurais. A título de exemplo, visualiza-se que é um desafio ofertar um conteúdo originado de um gênero discursivo secundário, tal como os artigos científicos, para um gênero primário, como é o caso de uma conversa na rotina produtiva com produtores rurais e funcionários a respeito de um novo modo de criar animais empregando as técnicas de bem-estar. Neste caso, o ato de cotejar vários sentidos, pela atividade da tradução, do seu desdobrar e ampliar, é uma ação realizada em conjunto pelo extensionista e pelos seus interlocutores, em que se busca produzir determinado novo sentido próximo ao que originou. No entanto, a produção de novos sentidos realizada pelos produtores rurais necessariamente ocorrerá em determinado espaço-tempo, no seu território rural, cujas experiências, vivências e saberes-fazeres afloram de um conjunto de interações, que foram percorridas com todas as vozes que o constituíram historicamente. O livro encontra-se dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro uma introdução ao tema das interações dialógicas nos territórios rurais. No segundo é descrito, de forma mais detalhada, os caminhos da produção de sentidos e significados presentes na abordagem bakhtiniana e freireana nos territórios rurais. No terceiro momento deste livro, é abordado as formas e conteúdos presentes no ato do cotejamento para atividade da tradução nas interações nos cursos de formação continuada e nas assistências técnicas nos territórios rurais. Neste texto o extensionista educador assume o papel de um sujeito ativo e crítico, atento a atividade de tradução de sentidos e significados originados da academia e centros de pesquisa governamentais e privados nas rotinas produtivas nos territórios rurais. Já no quarto capítulo ao extensionista rural o seu papel como um educador dialógico, a ser empregada em suas ações nos mais variados contextos produtivos nos territórios rurais. Agradeço a todos aqueles que contribuíram com os seus relatos para a elaboração desta obra, como os extensionistas rurais, e funcionários das fazendas nos territórios rurais da América Latina. Desejo a todos uma boa leitura nos caminhos da comunicação dialógica freireana e bakhtiniana nos territórios rurais. Pirassununga, 10 de janeiro de 2021. L.F. Publicação EDUEPB disponível no site: http://eduepb.uepb.edu.br/e-books/
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