Fissuras Cotidianas: O entrelugar da experiência, do mito e do espaço em Deuses Americanos, de Neil Gaiman

Autor: Luiza Maria Fonte Boa Melo
Přispěvatelé: Ribeiro, Ivan Marcos, Ribeiro, Elzimar Fernanda Nunes, Soares, Leonardo Francisco, Silva, Alexander Meireles da
Rok vydání: 2020
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFU
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
instacron:UFU
DOI: 10.14393/ufu.di.2020.611
Popis: CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Deuses Americanos (2016), de Neil Gaiman, descortina a sabedoria mítica que a razão encobriu ao longo dos últimos séculos ao abrir espaço para deuses na era da tecnologia. Publicada em 2001, a obra de Gaiman (2016) propõe uma outra relação entre homens e suas divindades: essas entidades seriam materializações das crenças humanas, alimentadas através da força sagrada que lhes dedicamos. Desde deuses antigos, há muito adorados por culturas ancestrais, até deidades que personificam a Mídia e a Internet, Gaiman busca ressignificar nossa relação com a realidade pragmática que vivenciamos, exponencialmente aumentada em um dos países que mais se dedica às forças da razão: os Estados Unidos. Assim, pressupondo o mito como um fenômeno do espírito, cujo aparecimento primeiro se dá em um momento de excitação das sensibilidades humanas (CASSIRER, 1992, p. 34), em um espaço mental que precede a razão – espaço esse que denominamos, em consonância com Benjamin 1987) e Larrosa (2015), de experiência – buscamos compreender o viés mítico de Gaiman ao trazer entidades mitológicas da antiguidade para o contexto contemporâneo, além da emersão de deuses atuais e sua relação com a tecnologia. Nos propomos, portanto, a pensar a premissa de Gaiman como uma reflexão literária acerca do mito, considerando a relação entre a materialidade dos deuses, a experiência e a proposta mítica de Cassirer (1992). Abordaremos, por fim, a relação entre o mito, a experiência e o espaço narrativo onde a história opera: a América do Norte. Na América, tal como na era mítica, o sobrenatural toca o cotidiano e transforma-se, fazendo-se constante e verdadeiro. Diante da onipresença do impossível, compreendemos o espaço americano como o lugar do extraordinário, capaz de suscitar a potência sagrada do espírito ao mesmo tempo em que recusa o culto às divindades – afinal, como todos sabem, a América não é um país bom para deuses (GAIMAN, 2016, p. 485). American Gods (2016), by Neil Gaiman, unveils the mythical wisdom that reason has obscured over the last few centuries by making room for gods in the age of technology. Published in 2001, Gaiman (2016) proposes another relation between men and their deities: these entities would be materializations of human beliefs, fed through the sacred force we devote to them. From ancient gods, long worshiped by ancestral cultures, to Media and Internet deities, Gaiman seeks to re-signify our relationship with the pragmatic reality that we live in, exponentially enhanced in one of the countries most devoted to the forces of reason: United States. Thus, presupposing myth as a phenomenon of the spirit, whose first appearance occurs in a moment of excitement of human sensibilities (CASSIRER, 1992, p. 34), in a mental space that precedes reason – a space that we call, with Benjamin 1987) and Larrosa (2015), experience – we seek to understand Gaiman's mythical bias by bringing mythological entities from antiquity to the contemporary context, as well as the emergence of current gods and their relationship with technology. We propose, therefore, to think of Gaiman's premise as a literary reflection about myth, considering the relation between the materiality of the gods, experience and the mythical proposal of Cassirer (1992). Finally, we will approach the relationship between myth, experience and the narrative space where it operates: North America. In America, as in the mythical era, the supernatural touches daily life and transforms itself, becoming constant and true. Faced with the omnipresence of the impossible, we understand American’s space as the place of the extraordinary, capable of raising the sacred power of the spirit while refusing to worship the deities - after all, as we all know, America is not a good country for gods (GAIMAN, 2016, p. 485). Dissertação (Mestrado)
Databáze: OpenAIRE