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Ao meio-dia, todas as sombras esvaem-se da terra e tudo aquilo que se encontrava escondido é revelado sob luz ofuscante do sol. Nessa hora mágica, ouviu-se o grito de que se tinha achado algo, havia se revelado as primeiras gravuras que encontravam semelhança com aquelas produzidas por Francisco Retumba. A excitação tomou conta de todos os que participavam da escavação e o esforço foi renovado pelo espírito da descoberta. Três metros sob o solo, estava lá: a Pedra de Retumba, a Pedra Lavrada. Este acontecimento singular na história do município de Pedra Lavrada ostenta, orgulhosamente, em seu nome os vestígios pré-históricos abundantes em seu território, e as consequências científicas desse achado para a arqueologia são objeto de estudo do presente livro. Em obras científicas graciosamente construídas, produções de autores protagonistas no processo de descobrimento desse marco, desenrola-se a narração de uma história de redescoberta e desmistificação. Nessa toada, o primeiro processo de desmistificação que se desenrola no tema é sobre as contradições históricas relacionadas aos relatos referentes à origem do nome do então município de Pedra Lavrada e sua ligação à Pedra de Retumba. O capítulo denominado “O significado do topônimo Pedra Lavrada e sua relação com a Pedra de Retumba”, de autoria da historiadora Ledeny Priscila de Lima Dias, conhecida defensora local do resgate histórico dos nossos sítios arqueológicos, apresenta-nos o resgate dos arquivos históricos que comprovam, verdadeiramente, as origens do topônimo da municipalidade onde se localiza o sítio arqueológico da Pedra de Retumba e as contradições nos dados oficiais propagandeados pelo poder público municipal. O segundo capítulo, “A Pedra de Retumba e suas Interpretações: mitos e lendas”, o autor se volta à teorização criada em volta dos possíveis significados que poderiam ser dados às gravuras existentes na Pedra de Retumba, explorando um eidolon que assombra o imaginário de todos aqueles que se confrontam com o antigo desconhecido: saber se há e qual o significado apresentado por caracteres gravados há milhões de anos. Desvendar tais mistérios talvez seja o maior objetivo de todos que exploram a história e se deparam com caracteres possivelmente significantes, saber se há e qual a mensagem que desejavam deixar aos futuros habitantes desta terra. Em “A Pedra de Retumba e o Estudo das Itacoatiaras da Paraíba”, terceiro capítulo desta pequena, porém primorosa obra, tece-se um comparativo entre as redescobertas Itacoatiaras da Pedra de Retumba e as da famosíssima Pedra de Ingá. Com fulcro na teoria do Professor Doutor Juvandi de Souza, exploram-se as similitudes entre as gravuras presentes nos dois sítios, cogitando-se a possibilidade de que ambos os sítios estejam introduzidos na Subtradição Ingá. O construtor de tal teoria, apesar de encontrar-se no nascedouro, possui substanciosas evidências e, portanto, merecem maiores olhares e estudos. Com fecho digno de laureio, o eminente Professor Doutor Juvandi de Souza nos agracia com os relatos do processo de (re)descoberta da Pedra de Retumba, tocando em todos os seus aspectos: da questão metodológica da decapagem à educação patrimonial das pessoas da comunidade, da importância historiográfica à importância local, une, igualmente ao capítulo anterior, a hipótese do pertencimento das Itacoatiaras da Pedra de Retumba à Subtradição Ingá. O último capítulo trata da importância da (re)descoberta da Pedra de Retumba para as atividades turísticas e, quem sabe, a geração de emprego e renda. Como natural do município de Pedra Lavrada, abracei a tarefa que me foi oferecida de confeccionar esta apresentação. Esta descoberta nos faz encarar a realidade e o presente como um suspiro efêmero da existência, como um lampejo do tempo do Universo, trazendo ao nosso pensamento a necessidade de que deixemos, como bem relata Hannah Arendt, obras, para que possam ser apreciadas por aqueles que virãoapós o curto período de nossa existência. Talvez, esta obra produza seus reflexos na realidade e faça aqueles que a subscrevem triunfarem sobre a invariável corrosão do tempo. Quanto a seus reflexos atuais, o próprio trabalho de resgate da Pedra de Retumba fez ser restaurado o sentimento de pertencimento do povo que hoje habita essas terras e o fez reconhecer, igualmente, a importância histórica que reveste seu principal símbolo. Ao Leitor, desejo que possa apreciar estas páginas com o mesmo deleite que apreciei, que as palavras que descrevem esta descoberta sejam gravadas em sua mente. Pedro H. S. Oliveira – Chefe de Gabinete da PMPL. Bacharel em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Publicação EDUEPB disponível no site: http://eduepb.uepb.edu.br/e-books/ |