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O presente artigo propõe uma análise da obra Adios Ayacucho, novela de Julio Ortega e adaptação teatral do grupo Yuyachkani (dramaturgia e direção de Miguel Rubio), sob o ponto de vista da representação da violência e da morte nessa obra. Parte-se do princípio de que tal representação em Adiós Ayacucho relaciona-se com a história da Conquista e subjugação do povo incaico pelos espanhóis. O protagonista Alfónso Cánepa, um campesino assassinado durante a guerra civil peruana (1980-2000), que na obra faz o trajeto de Ayacucho a Lima para recompor sua ossada, pode assim ser relacionado com o mito de Inkarrí, a morte, o esquartejamento e a promessa de reconstituição do corpo do último Inca. No caso da peça teatral, ao colocar a narrativa em performance, o grupo Yuyachkani concretiza ainda mais a questão da representação de um sujeito sem corpo – um cadáver –, uma ausência significativa no contexto da guerra civil. Ao recuperar essa história da Conquista e essa memória coletiva peruana, Adiós Ayacucho aponta possibilidades de resistência por meio da corporalidade e do reconhecimento da própria heterogeneidade. This article proposes an analysis of the piece Adiós Ayacucho, both the Júlio Ortega novel itself and its theatrical adaptation by Yuyachkani Group (dramaturgy and direction by Miguel Rubio), studied from the point of view of the representation of violence and death. The guiding principle is that such representation in Adiós Ayacucho relates to the history of subjugation and conquest of the Inca people by the Spaniards. The protagonist, Alfonso Cánepa, a peasant killed during Peru’s civil war (1980-2000) who makes his way from Ayacucho to Lima to recover his bones, can thus be related to the Inkarri myth, to death, to dismemberment and to the promise of reconstitution of the last Inca’s body. In the play, when the narrative becomes a performance, Yuyachkani goes further in representing the embodiment of a subject without a body—a dead man—a significant absence in the context of the civil war. When retrieving this story of conquest and this Peruvian collective memory, Adiós Ayacucho opens possibilities of resistance through corporeality and recognition of one’s own heterogeneity. |