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Introducao A tecnica de monocamada de monocitos (Monocyte Monolayer Assay – MMA) e um ensaio celular funcional in vitro, capaz de prever a sobrevivencia in vivo das hemacias transfundidas. E um teste utilizado para diferenciacao entre anticorpos clinicamente significantes e nao significantes, principalmente em pacientes complexos, para os quais nao sao encontrados hemocomponentes com provas de compatibilidade negativas. Objetivos Analisar a relacao entre os resultados dos testes de MMA, titulos e subclasses dos anticorpos envolvidos e o desfecho transfusional em pacientes complexos atendidos no Laboratorio de Imuno-hematologia de Pacientes da Fundacao Hemocentro de Brasilia (LIHP-FHB). Materiais e metodos As amostras dos pacientes foram coletadas nas agencias transfusionais do DF e encaminhadas para os testes no LIHP-FHB. A monocamada dos monocitos foi obtida a partir de doadores saudaveis do sexo masculino (O RhD positivo), seguindo as etapas de isolamento (buffy-coat), separacao (Ficoll) e cultivo (meio RPMI). A preparacao das lâminas incluiu as fases de: aderencia monocitica, adsorcao do soro do paciente com as hemacias dos doadores, incubacoes, lavagens e coloracao com Leishman. Os controles positivos (Control Cell, Immucor) e negativos (hemacias do doador) foram realizados nas mesmas condicoes. O Indice Monocitario (MI) foi calculado a partir da analise por microscopia optica das hemacias fagocitadas ou aderidas, sendo considerados os resultados de MI ≤5%, 5,1%–20% e >20%, como baixo, moderado e alto risco de hemolise pos-transfusional, respectivamente. Foram realizados testes sorologicos em cartao gel-teste (Bio-Rad) para determinacao da classe (IgG, IgM, IgA), subclasse (IgG1 e IgG3) e titulo dos anticorpos. Resultados Foram avaliados 6 pacientes (13 a 51 anos), sendo 3 (50%) com multiplos aloanticorpos e autoanticorpos, 2 (33,3%) com autoanticorpos e 1 (16,7%) com multiplos aloanticorpos, autoanticorpos e anticorpos raros (anti-Hr, -hrs). Desses, 5 (83,3%) apresentavam anemia falciforme e 1 (16,7%) apresentava IRC e infeccao por COVID-19. Metade dos pacientes apresentavam anticorpos IgG1 ou IgG3 com baixo risco hemolitico e a outra metade IgG1 ou IgG3 com alto risco. Foram testados 33 concentrados de hemacias (CHs) por meio do teste de MMA, sendo 8 (24,2%) com MI ≤5%, 20 (60,7%) com MI entre 5,1%–20% e 5 (15,1%) com MI >20%. Quatro pacientes receberam transfusoes de CHs fenotipo-compativeis para os sistemas Rh, Kell, Kidd, Duffy e MNS (MIs: 0%, 2%, 6% e 8%). Apenas o CH com MI de 8% resultou em reducao dos indices de Hb (8,3 para 7,7 g/dL) e Ht (25 para 23,9%), apos 1 hora da transfusao. Os demais CHs transfundidos promoveram incremento nos niveis de Hb e Ht, tanto apos 1 hora (0,73 a 2,0 g/dL e 2,4 a 5,8%, respectivamente), quanto apos 14 dias (0,8 a 1,2 g/dL e 2,9 a 4,2%, respectivamente). Discussao e conclusao Nossos resultados revelaram que mais de 75% dos CHs testados apresentaram moderado ou alto risco de hemolise pos-transfusional. Das quatro unidades de CHs transfundidos, tres (MIs: 0%, 2%, 6%) promoverem incremento e uma (MI: 8%) declinio, nos niveis de hemoglobina e hematocrito, indicando uma possivel associacao entre os indices de fagocitose e o risco de hemolise. Nao foi evidenciado associacao entre os resultados do MMA e as subclasses e titulos dos anticorpos. Apesar do pequeno numero de amostras, nossos resultados revelam que o MMA pode ser uma importante ferramenta nas decisoes transfusionais em pacientes complexos. |