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Resumo: Este trabalho analisa marcas de causalidade nos textos dos livros didáticos de História utilizados no ensino médio. Enfoca, especificamente, no domínio semântico e nas estratégias linguísticas utilizadas pelos autores para construir as relações causais. O objetivo é analisar as diferentes manifestações de causalidade nesses textos, considerando que a compreensão da natureza de um texto e da forma como foi escrito contribui para a construção de significados. Conduzida em abordagem descritiva e interpretativa, analisou-se o sistema léxico-gramatical e o discurso semântico presentes nas argumentações causais explícitas e implícitas, utilizadas como recursos linguísticos para explicar os fatos históricos. Os resultados mostram que construções causais, ferramentas linguísticas centrais no corpus, explicam e interpretam o passado, persuadindo o leitor sobre a validade de tais interpretações e, muitas vezes, a complexidade das escolhas e das construções linguísticas dificulta a compreensão e a percepção das relações de sentido do conhecimento histórico. No que diz respeito ao aprendizado de História, o exercício da leitura e da escrita se torna mais evidente, uma vez que selecionar fatos significativos, apresentá-los de uma ou outra perspectiva, escolher o léxico e os recursos gramaticais que tecem os textos com os quais os alunos entram em contato e, principalmente, estabelecer as relações de causalidade entre os acontecimentos históricos, são decisões que podem favorecer a manifestação de ideologias monolíticas sem propiciar uma pluralidade necessária à constituição do cidadão consciente e crítico, que reconhece pontos de vista convergentes e divergentes que constitutivamente engendram a realidade política e social em que o indivíduo está inserido. Os livros didáticos de História utilizam-se de um sistema léxico-gramatical e de um discurso semântico para construir e realçar as argumentações e fatores causais que frequentemente obscurecem o conteúdo e revelam julgamentos explícitos e implícitos dos autores. Destaca-se, ainda, que a linguagem e os múltiplos recursos linguísticos usados na construção da argumentação causal são complexos e dificultam a compreensão e a percepção das relações de sentido do conhecimento histórico. O entendimento da causalidade pressupõe a observação da formação e da organização de elementos lógico-semânticos no texto, e a percepção dessas relações é um requisito importante para a construção de diferentes conhecimentos. Conclui-se que não basta que o aluno domine os conhecimentos gramaticais. Sob um ponto de vista linguístico, a observação da funcionalidade das relações causais nos contextos pode possibilitar melhor compreensão da leitura e identificação do sentido da causalidade por parte de leitores/estudantes. É necessário discutir como a linguagem e os recursos linguísticos são usados na construção da argumentação causal para melhor entendimento e compreensão do conhecimento histórico. |
