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A compreensão dos processos histórico-sociais da maneira como o Estado se estrutura e operacionaliza a morte no processo de construção dos mortos tem sido desenvolvida mais recentemente, sendo o presente dossiê uma contribuição aos estudos desse campo. Aqui reunimos análises dedicadas a descrever regimes técnicos e morais que se alinhavam nas instituições, tornando visíveis e enunciáveis as diferentes suturas que produzem mortos, desde suas derivações, transformações e mutações. Visibilidade e enunciação que, como descreve Deleuze (1990), se combinam com linhas de força e de subjetivação e, também, com brechas, fissuras e fraturas, que ora se entrecruzam, ora se misturam. Nesse movimento contínuo, histórico e social, acabam "por dar uma nas outras, ou suscitar outras, por meio de variações ou mesmo mutações de agenciamento". Descrever e analisar tais dispositivos é uma forma de explicar como se mobiliza um regime de saber, poder e subjetivação sobre a morte, que se vê indizível e invisível, e que age no sentido de produzir um controle sobre os mortos, de modo a construir socialmente sujeitos matáveis, objetos irrastreáveis, corpos extermináveis, populações vulneráveis e territórios marginais. |