Negociando a narrativa da madrasta: novas perspectivas para a vilã dos contos de fadas

Autor: Lívia Maria de Oliveira
Přispěvatelé: Sylvestre, Fernanda Aquino, Volobuef, Karin, Mariz, Josilene Pinheiro, Costa, Cynthia Beatrice, Pereira, Kenia Maria de Almeida
Rok vydání: 2021
Předmět:
Zdroj: Repositório Institucional da UFU
Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
instacron:UFU
Popis: Pesquisa sem auxílio de agências de fomento Os contos de fadas se configuram como construções mágicas do mundo que permeiam os séculos. Na contemporaneidade, há um movimento intertextual de releitura dessas narrativas maravilhosas que retoma o passado sob o conceito de “re-visão”, proposto por Adrienne Rich (1985), apostando na necessidade de desconstruir, reorganizar e transformar os contos de fadas, tendo por base a tradição. Nesse sentido, o revisionismo contemporâneo, dialogando com a pós-modernidade, lança luz para perspectivas que estão fora do sistema homogeneizante, demonstrando que essas histórias não precisam ser como sempre foram e seus significados não necessitam ser únicos, imutáveis ou cristalizados. Como metáforas de uma época, por muito tempo, os contos de fadas estabeleceram os lugares para as personagens femininas. Com a institucionalização dos contos de fadas enquanto gênero literário, a madrasta passa a ocupar o polo feminino negativo, sendo o contraponto que valida o ideal materno de bondade e lutando, dentro de um novo casamento, contra a enteada. Madrasta e enteada são caracterizadas como personagens que constroem uma relação de poder, sendo influências mútuas para o desenrolar da narrativa. Mas por que a madrasta é vilipendiada e cabe a ela, na tradição, apenas o papel de antagonista? Esse questionamento inicial nos levou ao desenvolvimento dessa tese, que tenta negociar a narrativa da madrasta, a partir de releituras do tradicional conto de Branca de Neve. Refletindo a necessidade contemporânea de trazer explicações em relação ao passado da madrasta a fim de justificar sua vilania, analisamos “The Snow Child”, de Angela Carter, “Snow Night”, de Barbara G. Walker, “The dead Queen”, de Robert Coover, Garotas de Neve e Vidro, de Melissa Bashardoust, A Mais Bela de Todas - A História da Rainha Má, de Serena Valentino; e o seriado ficcional Once upon a time, de Adam Horowitz e Edward Kitsis. Por meio dessas narrativas, defendemos a hipótese de que a busca da origem do mal da madrasta é uma ficção que não empobrece o enigma, que nasce e se consolida no fato de nunca dizer tudo, e elaboramos o conceito de “memória-origem”, associando-o à transformação da personagem madrasta de vilã para uma anti-heroína pós-moderna. Fairy tales are configured as magical constructions of the world that permeate the centuries. In contemporary times, there is an intertextual movement to re-read these narratives that retakes the past under the concept of “re-vision”, proposed by Adrienne Rich (1985), betting on the need to deconstruct, reorganize and transform fairy tales, based on tradition. In this sense, contemporary revisionism, dialoguing with postmodernity, sheds light on perspectives that are outside the homogenizing system, demonstrating that these stories do not need to be as they always were and their meanings do not need to be unique, immutable or crystallized. As metaphors of an era, for a long time, these narratives established places for female characters. With the institutionalization of fairy tales as a literary genre, the stepmother started to occupy the negative feminine pole, being the counterpoint that validates the maternal ideal of kindness and fighting, within a new marriage, against her stepdaughter. Stepmother and stepdaughter are characters that build a relationship of power, being mutual influences for the development of the narrative. But why is the stepmother vilified and why does she have only the antagonist role in tradition? These initial questions led us to the development of this thesis, which tries to negotiate the narrative of the stepmother, based on reinterpretations of the traditional tale of Snow White. Reflecting the contemporary need to bring explanations about the stepmother's past in order to justify her villainy, we analyzed “The Snow Child”, by Angela Carter, “Snow Night”, by Barbara G. Walker, “The dead Queen”, by Robert Coover, Girls made of Snow and Glass, by Melissa Bashardoust, Fairest of All: A Tale of the Wicked Queen, by Serena Valentino; and Once upon a time, by Adam Horowitz and Edward Kitsis. Through these narratives, we defend the hypothesis that the search for the origin of the stepmother's evil is a fiction that does not impoverish the enigma, that is born and is consolidated in the fact of never saying everything, and we elaborated the concept of “origin-memory”, associating it with the transformation of the villainous stepmother into a postmodern anti-heroine. Tese (Doutorado)
Databáze: OpenAIRE