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Este artigo pretende observar a construcao da “vida de silencio” de Constantino Curtis no romance Cloro (2018), de Alexandre Vidal Porto, tendo em vista a metafora do “armario” (SEDGWICK, 2007) como um dispositivo que regula a vida de sujeitos de sexualidades desviantes em uma sociedade heterossexista. A narrativa se inicia com a morte de Constantino, um homem gay que viveu ocultando de si e dos outros a sua sexualidade. Do limbo, o personagem central rememora momentos significativos de sua vida de homossexual reprimido e de como a organizou dentro daquilo que acreditava ser normal: um homem heterossexual profissionalmente bem-sucedido, casado e com filhos. Como um “homem gay no armario”, Constantino Curtis adota uma serie de atos, gestos e signos que, alem de reforcarem a construcao de seu corpo como um corpo masculino, procuram atribuir a si uma heterossexualidade. A adocao de tais comportamentos e a atuacao de sua performance como homem heterossexual sao frutos de uma heterossexualidade compulsoria (RICH, 2012) que estabelece um sistema heteronormativo e produz o armario como “mecanismo de defesa”. Assim, o relato dessa “vida de silencio” ficcional esboca temas pertinentes aos estudos queer e aborda a continuidade de um modo de existencia de homossexuais em uma sociedade heterossexista. DOI: https://doi.org/10.47295/mren.v9i3.2336 |