Uma poética da Ninfa aparições na poesia brasileira moderna e contemporânea
Autor: | Roque, Maura Voltarelli, 1989 |
---|---|
Přispěvatelé: | Sterzi, Eduardo, 1973, Antelo, Raul Hector, Zular, Roberto, Vermeersch, Paula Ferreira, Barbosa, Davi Pessoa Carneiro, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS |
Rok vydání: | 2020 |
Předmět: | |
Zdroj: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) instacron:UNICAMP |
DOI: | 10.47749/t/unicamp.2019.1090558 |
Popis: | Orientador: Eduardo Sterzi de Carvalho Júnior Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: Este trabalho tem como objetivo pensar as figurações da Ninfa na poesia moderna e contemporânea brasileira. Estudada por nomes como Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman e Aby Warburg, a Ninfa é, antes de tudo, um personagem teórico que encarna ou representa os conceitos fundamentais formulados pelo historiador da arte alemão Aby Warburg. Entre eles, estão a ideia de Pathosformel (fórmula de pathos) e a de Nachleben, a vida póstuma das imagens, pensada por Warburg a partir da sobrevivência dos gestos da antiguidade ao longo da cultura ocidental e expressa em um dos seus projetos principais, o atlas de imagens que ele chamou "Mnemosyne". A partir da complexidade estética e temporal de uma imagem como a da Ninfa, buscamos pensar o quanto essa figura mítica desarranja as narrativas usuais da história da literatura moderna brasileira, nos permitindo ver vínculos insuspeitados entre os momentos moderno e contemporâneo, de um lado, e momentos anteriores, sobretudo aquele período que ficou conhecido, por falta de nome melhor, como "pré-modernismo". Ou seja, ali onde os historiadores literários marcados pelo discurso do modernismo veem (ou esperam ver) sobretudo rupturas (entre a cultura literária do século XIX - que talvez possamos chamar uma cultura literária fin de siècle - e a do século XX), podemos ver antes reaparições, continuidades intermitentes, enlaces de tempos, que apontam para uma historiografia poética menos linear e mais sintomática. A Ninfa nos propõe, neste sentido, um modelo trans-histórico que implode os muros, os esquemas, os estilos, as identidades. No lugar de obras bem resolvidas, acabadas em si mesmas, propomos compreender obras como a de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, e, em direção ao momento contemporâneo, obras como a de Donizete Galvão e Carlito Azevedo, como obras complexas, errantes, convulsivas, que perturbam o tempo cronológico e criam uma outra temporalidade feita de anacronismos e sobrevivências. Vale ainda dizer que o que chamamos uma cultura literária fin de siècle é recuperada neste trabalho por reconhecermos no art nouveau e em sua estética do desejo o momento no qual a Ninfa, entendida enquanto forma feminina em movimento, acorre novamente à superfície, chegando ao início do século XX como uma forma sobrevivente do passado e, ao mesmo tempo, um índice histórico de sua época. A presença sintomática da Ninfa na poesia brasileira também nos permite pensar o quanto essa imagem ambígua, inapreensível, que se constitui de uma montagem e uma tensão de potências opostas, sendo ao mesmo tempo evanescente e corpórea, inocente e mortífera, impassível e erótica, tem a nos dizer sobre as próprias tensões que atravessam nossa historiografia poética. Da mesma forma, enquanto "imagem sobrevivente" que não cessa de fluir e refluir, encenando inúmeras metamorfoses (serva florentina, Salomé dançante, anjo protetor, mênade delirante, Vitória romana, Vênus impassível), a Ninfa encarna em si mesma a capacidade da poesia em resistir e reinventar-se nessa época hostil; em ser, como a Ninfa, aquela que vive depois de morta, uma espécie de fantasma do tempo Abstract: This work aims to think of Nymph's figurations in modern and contemporary brazilian poetry. Studied by names such as Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman and Aby Warburg, Nymph is, first of all, a theoretical character who embodies or represents the fundamental concepts formulated by the German art historian Aby Warburg. Among them, are the idea of Pathosformel (pathos formula ) and that of Nachleben, the posthumous life of images, thought by Warburg from the survival of the gestures of antiquity throughout western culture and expressed in one of his major projects, the images atlas that he called "Mnemosyne". From the aesthetic and temporal complexity of an image like the Nymph, we try to think how much this mythical figure disarranges the usual narratives of the history of modern brazilian literature, allowing us to see unsuspected links between the modern and contemporary moments, on the one hand, and previous moments, especially that period that was known, for lack of a better name, as "pre-modernism". In other words, where the literary historians marked by the discourse of modernism see (or hope to see) mainly ruptures (between the literary culture of the nineteenth century - which we may call a literary culture fin de siècle - and that of the twentieth century), we can see, before, recurrences, intermittent continuities, links of times, that point to a less linear and more symptomatic poetic historiography. Nymph proposes to us, in this sense, a trans-historical model that implodes the walls, the schemes, the styles, the identities. In the place of well-resolved works, finished in themselves, we propose to understand works such as that of Manuel Bandeira and João Cabral de Melo Neto, and, towards the contemporary moment, works such as that of Donizete Galvão and Carlito Azevedo, as complex works, wandering, convulsive, that disturb the chronological time and create another temporality made of anachronisms and survivors. It is worth mentioning that what we call a fin de siècle literary culture is recovered in this work because we recognize in art nouveau and in its aesthetic of desire the moment in which the Nymph, understood as a feminine form in movement, again rejoins the surface, arriving at the beginning of the twentieth century as a form survivor of the past and, at the same time, a historical index of its time. The symptomatic presence of Nymph in brazilian poetry also allows us to think about how this ambiguous, unapprehensible image, which is constituted of an assembly and a tension of opposing powers, being at once evanescent and corporeal, innocent and deadly, impassive and erotic , has to tell us about the tensions that go through our poetic historiography. In the same way, as a "surviving image" that does not cease to flow and reflow, staging innumerable metamorphoses (Florentine servant, dancing Salome, protective angel, delirious ménade, Roman Victory, impassive Vênus), Nymph incarnates in herself the capacity of poetry to resist and to reinvent itself in this age hostile; to be, like the Nymph, the one who lives after death, a kind of ghost of time Doutorado Teoria e Crítica Literária Doutora em Teoria e História Literária FAPESP 2014/26991-6 |
Databáze: | OpenAIRE |
Externí odkaz: |