'O resto é silêncio': Hamlet, os cortes e a contemporaneidade

Autor: Michael Dobson
Rok vydání: 2022
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Zdroj: Letras. :55-70
ISSN: 2176-1485
1519-3985
Popis: Este ensaio reflete sobre a longa história de abreviações de Hamlet para acena, desde os primeiros quartos e o texto do Folio até as produções pós-modernas, como as de Bocsardi Laszlo, de Kelly Hunter e de Daniel Tyler (todas de 2015). Coloca em questão o que as pessoas almejavam cortar quando operavam cortes em Hamlet; pondera em que época o público que frequentava o teatro começa a desejar um Hamlet sem cortes, e indaga se a peça em si era considerada como um filtro, um meio termo ou um agregado de todas as suas muitas iterações. Mostra que muitas edições impressas até 1800, que registram cortes e pequenas modernizações verbais feitas pelos produtores de teatro, não viam diferença entre o legível da página e o visível no teatro, e propõe-se a discutir se os cortes em pauta seriam compatíveis com as estratégias de interrupção e abreviação da própria peça. O ensaio argumenta que a percepção de uma fissura entre a peça encenada e o estudo da peça surgiu somente no século XIX, e foi levada em consideração na virada do século XX por produções de nichos “puristas” que revivificaram estritamente o texto do Q1 ou priorizaram ostensivamente as impraticáveis longas conflações do Q2 e F, recentemente anunciadas como versões (sem cortes). Nos nossos dias, Hamlet é tão conhecido que é considerado à prova de cortes (como na produção de Laszlo, na qual, mesmo com as linhas não ditas internalizadas pelo elenco, os personagens stanislavskianos se recusavam a falar certas frases conhecidas) e, portanto, suscetíveis a abreviações que privilegiam a interioridade sobre a trama (como a de Hunter), ou a alocação de uma confusa e fastidiosa herança – como em The Hamlet Archive de Tyler, um espetáculo criado para uma locação específica, organizado em uma biblioteca, na qual várias versões das cenas principais da peça foram encenadas no meio de um lixo alusivo de sobras de adereços, estilos, clipes de filmes e motivos do histórico da recepção múltipla da peça. Todas essas produções sugerem que chegamos a um estágio muito tardio da performance e da história literária da peça. levada em consideração na virada do século XX por produções de nichos “puristas” que revivificaram estritamente o texto do Q1 ou priorizaram ostensivamente as impraticáveis longas conflações do Q2 e F, recentemente anunciadas como versões (sem cortes). Nos nossos dias, Hamlet é tão conhecido que é considerado à prova de cortes (como na produção de Laszlo, na qual, mesmo com as linhas não ditas internalizadas pelo elenco, os personagens stanislavskianos se recusavam a falar certas frases conhecidas) e, portanto, suscetíveis a abreviações que privilegiam a interioridade sobre a trama (como a de Hunter), ou a alocação de uma confusa e fastidiosa herança – como em The Hamlet Archive de Tyler, um espetáculo criado para uma locação específica, organizado em uma biblioteca, na qual várias versões das cenas principais da peça foram encenadas.
Databáze: OpenAIRE