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O Cais do Porto de Porto Alegre tem sido alvo de propostas e de especulação. O momento recente tem sido de proposição de grandes transformações do lugar, como requer o ciclo capitalista e o planejamento neoliberal. Contudo, entende-se que o projeto imposto, que chega pronto para apreciação popular, não dá conta da complexidade do território. Embora a forma de atuação hegemônica busque sufocar a política, emergem reações locais contrárias, como vê-se na cena-assembleia, em 2015, onde manifestantes expuseram o seu descontentamento com o projeto, revelando caráter político do acontecimento. O presente texto propõe problematizar os recentes projetos para o Cais do Porto de Porto Alegre, pois entende-se que o local está envolto em um ciclo repetitivo de propostas de caráter similar, que expressam um modo de pensar hegemônico, uniformizante, de reprodução de (pedaços de) cidades. Após a contextualização do problema, sugere-se que se pense uma práxis atravessada pela explicitação do conflito e pela suspensão do projeto, desviando de soluções pré-concebidas. Para tanto, é importante que se reconheça os agentes em disputa, as particularidades e as partes que cabem a cada um dentro de uma esfera comum. Este artigo organiza-se conforme a seguinte linha de raciocínio: breve reconstrução histórica do Cais e dos seus projetos; reconhecimento do conflito gerado pelo projeto sem diálogo; proposição de um atravessamento teórico pelos conceitos cena, dano, política e polícia; e sugestão de abordagem para uma práxis contra hegemônica. |