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Introducao e objetivos: O herpesvirus equino tipo 1 (EHV-1) e um patogeno de suma importância, responsavel por perdas significativas nos planteis, fato que, sob o ponto de vista economico, o torna uma ameaca potencial a criacao mundial de cavalos uma vez que a sua distribuicao e cosmopolita. Esse virus tem sido identificado como a causa de abortamentos, mortalidade neonatal, doenca respiratoria e manifestacoes neurologicas em cavalos [1,2]. Modelos experimentais de infeccao pelo EHV-1 utilizando roedores, como camundongos e hamsters, sao uteis para o estudo da resposta do hospedeiro ao virus, pois muitos dos aspectos da etiopatogenia da doenca nessas especies se assemelham aos observados no hospedeiro natural [3]. O camundongo e um excelente modelo para estudo da etiopatogenia da encefalite causada por estirpes neuropatogenicas do herpesvirus equino tipo 1 (EHV-1) [4]. No entanto, pesquisas recentes evidenciaram que a infeccao estabelecida pela via intranasal em hamsters resultou em sintomas mais agudos e severos do que nos camundongos, sugerindo uma maior susceptibilidade da especie ao agente [5,6]. Com base nesses dados, o presente trabalho foi delineado para avaliar as alteracoes respiratorias e neurologicas decorrentes da infeccao pelo EHV-1 em hamsters, comparando a susceptibilidade desse modelo com estudos realizados em camundongos e equinos. Materiais e metodos: Hamsters Sirios machos, com tres semanas de idade, foram infectados pela via intranasal com estirpes do EHV-1, obtidas de fetos abortados e potros infectados pelo virus (A4/72, A9/92, A3/97 e ISO/72). Os hamsters foram pesados e examinados diariamente observando-se o aparecimento de manifestacoes neurologicas e/ou respiratorias da doenca. De acordo com o aparecimento dos sintomas, grupos de cinco hamsters foram submetidos a eutanasia por overdose de isoflurano e deles foram coletados os materiais: SNC, pulmoes, timo, figado e baco que foram encaminhados tanto para a realizacao de isolamento viral em cultura de celulas E-dermal como para exame histopatologico. Em uma segunda etapa que tambem utilizou cinco hamsters por grupo, inoculados com as mesmas estirpes virais, apos eutanasia por aplicacao intraperitoneal de overdose de cetamina e xilazina, foi realizada para a obtencao do lavado bronco-alveolar (LBA). Foi determinada a contagem total e diferencial de globulos brancos a partir do LBA dos hamsters. Resultados e discussao: De forma similar aos experimentos realizados com camundongos, os hamsters desafiados com as estirpes A4/72 e A9/92 apresentaram manifestacoes clinicas severas no 3o dia pos-inoculacao (dpi) tais como a perda de peso representada no grafico 1, apatia, dispneia, desidratacao, decubito e morte. Tambem foram observados sinais neurologicos como hiperexcitabilidade, paralisia espastica, perda de propriocepcao, andar em circulos e convulsoes. Ao contrario do modelo murino, em que nao foi desenvolvida a doenca, os hamsters inoculados com as estirpes A3/97 e ISO/72 apresentaram sintomas clinicos e neurologicos no 4o dpi, onde as alteracoes respiratorias foram as mais evidentes, com destaque para a epistaxe. O isolamento do virus do SNC foi positivo em todos os animais; no entanto, os pulmoes foram positivos apenas nos grupos infectados pelas estirpes A9/92 e A4/72. Nos demais orgaos houve variacao de resultado entre os grupos como visualizado na tabela 1. O LBA mostrou que a contagem total de leucocitos apresentou maior numero de celulas brancas nos hamsters infectados por A4/72 quando comparado com A9/92, A3/97 e ISO/72 e grupo controle. Entretanto, o aumento de leucocitos total encontrado nos grupos de hamsters inoculados nao foi significativo (p>0,05) quando comparado ao valor de leucocitos total do grupo controle. Macrofagos ativados com citoplasma bastante vacuolizado, alguns deles contendo grânulos intracitoplasmaticos e uma grande quantidade de eritrocitos foi observada em esfregacos da maioria dos animais inoculados ao contrario dos esfregacos do grupo controle, que em sua maior parte apresentou apenas celulas macrofagicas de citoplasma vacuolizado e raros eritrocitos. Os valores apresentados na tabela 2 revelam que a contagem total e diferencial de leucocitos variou tanto entre as estirpes como tambem entre os individuos de um mesmo grupo. De modo semelhante ao descrito em cavalos em experimentos de inoculacao com EHV-1 [7], na contagem diferencial no LBA notou-se nos hamsters infectados apresentaram um aumento no numero de neutrofilos acompanhado de um decrescimo de macrofagos, enquanto no grupo controle a celula predominante foi o macrofago variando de 90 a 100% da contagem total dos leucocitos como observado na tabela 2. Os grupos de hamsters infectados por A3/97 e A4/72 apresentaram um aumento significativo (p 0,05) de neutrofilos e uma diminuicao nao significativa de macrofagos. A diferenca encontrada nos numeros de linfocitos e monocitos entre os grupos inoculados e o grupo controle nao foi significativa. Conclusao: Os sintomas e os sinais clinicos observados durante o experimento indicaram que o hamster e a especie mais susceptivel frente a infeccao causada pelo EHV-1, quando comparada ao modelo murino. Alem disso, notou-se que a resposta dos macrofagos alveolares do hamster frente a infeccao pelo EHV-1 foi similar a do equino, o que torna a especie um atrativo modelo experimental para posteriores estudos com o agente viral. |