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Nossas jornadas como professores têm nos mostrado que muitos de nossos alunos, por exemplo, não almejam nenhum tipo de relação com o trabalho docente. Em nossa perspectiva, essa triste e alarmante constatação está relacionada a dois fatores principais. O primeiro deles é o atual cenário brasileiro que vê, nos professores, constantes inimigos da sociedade, não valorizando e respeitando seus quefazeres, em virtude de seu trabalho crítico e com vistas à democracia. O outro aspecto é o fato de a classe docente sofrer demasiadamente com um trabalho que há muito deixou de ser relacionado somente aos saberes pedagógicos, uma vez que o mesmo tem incorporado cada vez mais aspectos burocráticos e administrativos, levando diversos professores a um constante esgotamento, não só físico e mental, mas também emocional. Neste trabalho, portanto, através dos pressupostos da Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014) e do Sistema de Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005; VIAN JR., 2010), analisamos três excertos de uma conversa informal pré-pandemia entre amigos professores, de modo a tecer reflexões sobre como a educação tem se tornado um mercado (PALMER, 2012), o qual tem sucateado o trabalho docente, trazendo sofrimento e angústias (CÔRTES, 2017). Este texto se configura, ainda, como um manifesto que visa alertar sobre a necessidade de se discutir a respeito dos rumos que a vida docente contemporânea no Brasil tem tido, bem como a urgência de se investigar o papel que as emoções desempenham no ensino e no trabalho docente (ZEMBYLAS, 2003; 2005). |