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O conto “Telhado quebrado com gente morando dentro”, presente no livro Redemoinho em dias quentes, da escritora Jarid Arraes, narra a história de duas personagens mulheres e irmãs que lutam para romper as barreiras do silenciamento, do patriarcado e do abuso sexual. Barreiras essas que, segundo Pierre Bourdieu (2010), são formadas pela violência simbólica que impõe relações de dominação, a fim de criar estruturas de poder. Como explica Elódia Xavier (1998), o patriarcado impõe a organização masculina, estruturas, costumes e padrões sociais para que sejam propagados com normalidade, estipulados por leis ou a partir de ações culturais assimiladas pelo coletivo masculino. Assim, como assinala Heleieth Saffioti (1999), entre a violência física e simbólica, as ações são sempre marcadas pela brutalidade e pressão psicológica para com a vítima. Considerando esses aspectos, objetivou-se analisar o silenciamento, o domínio do patriarcado e a violência, fazendo uso dos estudos de Pierre Bourdieu (2010), Eurídice Figueiredo (2020), Heleieth Saffioti (1999), Elódia Xavier (1998), Lia Machado (2006), Claude Dubar (2009), Simone de Beauvoir (2019), Judith Butler (2016; 2017) e Gayatri Spivak (2010). Por intermédio da reflexão analítica, conclui-se que o silenciamento dominante no conto é um reflexo da falta de voz, de conhecimento, do preconceito presentes nas relações entre as próprias mulheres e do mundo com elas, assim como sua própria consciência. Tal silenciamento representa situações vivenciadas em um universo feminino repleto de repressões. Determina o afastamento não só de duas irmãs, as personagens principais do conto, mas o afastamento das mulheres dos seus diretos, da sua liberdade e, consequentemente, da sua segurança. |