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Introdução: O fenômeno da obesidade assumiu, nas últimas décadas, o centro do debate das preocupações sanitárias no planeta, em virtude de seu caráter complexo e multifatorial. A baixa efetividade dos modelos de atenção à saúde, curativos e biologicistas, impõe reflexões sobre os caminhos para a inovação das práticas de cuidado. Diretrizes para a organização de linhas de cuidado da obesidade na Atenção Primária apontam a Educação Permanente em Saúde como potente estratégia político-pedagógica na indução de mudanças na compreensão, atitude e procedimento dos trabalhadores de saúde, na superação da lógica hegemônica de atenção. Objetivo: Mapeiar as iniciativas de educação permanente no cuidado à pessoa com obesidade na literatura nacional e internacional. Método: Os autores pesquisaram 06 bases de dados até outubro de 2020, sem restrição de idiomas, nem período de publicação. Quatro revisores independentes analisaram os artigos e dois extraíram os dados que foram analisados e discutidos com a equipe de pesquisa. Resultados: Após triagem de 8.780 títulos/resumos e 26 textos completos, 10 estudos preencheram os critérios de elegibilidade. Estes estudos foram publicados a partir de 2004, todos originais, oito na América do Norte e quatro em países com sistema universal de saúde. A maioria das iniciativas era presencial (80%), de curta duração (70%), com equipes multiprofissionais (70%) e temáticas sobre abordagens da obesidade (80%), assumindo-a como um problema de saúde pública mundial (60%). Os resultados versavam sobre as mudanças de compreensão, atitude e procedimentos dos participantes (80%) e as lacunas sobre a sustentabilidade destas mudanças (80%). Conclusões: A revisão demonstrou escassez de pesquisas na área e um desenho geral das iniciativas bem distante do que propõe a Educação Permanente em Saúde, com metodologias tradicionais de ensino baseado em técnicas de transmissão de informações, a obesidade compreendida como uma doença e um problema de saúde pública, além do caráter pontual e da fragmentação disciplinar, alheias à centralidade no cotidiano de trabalho, sem reconhecer seus problemas e território como disparadores de conhecimento, e ao foco na noção de redes de atenção, linha do cuidado, integralidade e culturas alimentares e corporais. |