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Partindo da observação do discurso sobre a leitura acadêmica e percebendo algumas lacunas relacionadas à naturalização e elitização desse processo de letramento, ao enfoque grafocêntrico, como também às práticas de ensino de caráter imediatista voltadas à produção, propomos, neste estudo, refletir sobre a leitura como prática discursiva e as implicações pedagógicas disso para o ensino de metodologia científica no contexto universitário. Apoiados nas discussões desenvolvidas por Orlandi (2007; 2008), Possenti (1992; 2009a) e, principalmente, Maingueneau (1997; 2004; 2008; 2015), apresentamos os conceitos que podem fundamentar uma perspectiva discursiva da leitura, tais como campo discursivo, posicionamento, investimentos discursivos, formas de textualidade e competência (inter)discursiva. Tal aporte não aparece desconexo de uma sistematicidade didática, por isso, também enfatizamos o papel basilar da leitura para as práticas de pesquisa exploratória e, de forma geral, para as demais práticas nucleares do campo. No centro das discussões, o tipo de comunidade fechada, as características gerais das práticas genéricas, os papéis dos parceiros legítimos em relação com a especificidade das cenas genéricas científicas e a coincidência dos sujeitos produtores e consumidores reforçam que, na ciência, os atos de leitura são aliados aos de produção. Dessa forma, esperamos contribuir com as discussões sobre um ensino de metodologia científica mais reflexivo que não subentenda a leitura como dada, nem a relegue a um lugar menor, mas busque compreendê-la, na medida em que enfocamos as competências genérica e (inter)discursiva, enquanto prática clivada e constitutiva do trabalho investigativo |