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Este artigo visa lançar bases para futuros aprofundamentos teóricos e descritivos acerca do mecanismo de incorporação nominal na língua Tenetehára. Isto poderá contribuir com o debate teórico e interlinguístico acerca da incorporação nominal, estudando em detalhes as propriedades deste fenômeno. Analisarei o fenômeno da incorporação nominal a partir de três níveis: o morfofonológico, o sintático e o semântico. No âmbito morfofonológico, é muito comum que os sintagmas nominais sofram reduções ao se incorporarem à raiz verbal. Isto fica evidente porque para que um nome seja incorporado, ele perde todas as suas marcas flexionais. Além disso, muitas vezes, a raiz do núcleo nominal também sofre reduções fonológicas. Neste sentido, serão necessárias pesquisas mais complexas a fim de controlar quais são os contextos em que tais reduções podem ocorrer e quais regras fonológicas são aplicadas neste processo. No domínio sintático, a questão tem a ver com o que se incorpora de fato, se são núcleos Xos ou sintagmas XPs. Em consonância com Baker (1988, 1995, 1996, 2009) e Baker et al. (2005), o que ocorre é incorporação de núcleos. Porém, alguns dados de incorporação nominal em Tenetehára, a saber: incorporação de dois nomes, trazem um problema para a teoria de Baker conforme fora estipulada. Finalmente, em relação ao plano semântico, o que tenho observado é que os falantes da língua Tenetehára costumam apontar duas interpretações distintas, uma para a versão sem incorporação e outra interpretação para a versão com incorporação. Assim, pretendo responder qual organização constante se pode depreender de um paradigma de interpretação aparentemente arbitrário. |