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O presente trabalho tem como objetivo realizar uma descrição intensiva do filme Les Maîtres Fous de Jean Rouch, filmado em 1955, buscando explorar as táticas de filmagem e montagem com uma leitura lastrada por algumas dos horizontes do surrealismo enquanto projeto estético-político. Ao invés de discutir aspectos exógenos, contudo, o que viso é mostrar como o filme em questão se apresenta como um objeto experimental que apresenta um desafio, uma tentação, orientação própria de um projeto surrealista. Assim, espero apresentar alguns dos temas de Rouch segundo o conjunto de táticas indispensáveis para se considerar o filme como ação de etno-política pela qual a fórmula antropologia compartilhada se apresenta, em especial descrevendo a cadeia extensa entre os participantes cujo filme serve de nexo para a relação. Para tal discuto as noções de tátil e tático como elementos de tentação ao corpo e ao pensamento como preâmbulo de uma excursão decerto predatória no ambiente cinematográfico de Les Maîtres Fous, cuja descrição minuciosa da montagem permite compreender os tempos que constituem a forma de extensão e provocação do pensamento, orquestrados peloantropólogo e cineasta francês. Vale notar que o presente artigo tem como fundamentouma descrição por extenso, ela mesma problematização um tanto quanto surrealista, oque acarreta alguns riscos ao escritor e ao leitor. |