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No final do século XIX, o Brasil passou por importantes mudanças socioeconômicas e políticas, marcadas pela Lei Áurea e pela Proclamação da República. A pesquisa objetiva entender a inserção social da população negra neste contexto de transições, analisar como os ex-escravizados eram vistos e tratados pelo governo do Paraná e as formas de resistência ao racismo em comunidades da região de Curitiba. Os resultados podem auxiliar na compreensão de problemas contemporâneos, como o racismo estrutural, em especial na região do Paraná. A metodologia consiste em revisão bibliográfica e análise de fontes primárias. As principais fontes são jornais, disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, e Relatórios de Governo acessíveis no Arquivo Público do Paraná. Os resultados indicam a negligência estatal com a população negra. Negros enfrentavam dificuldades para encontrar trabalho e moradia e eram tratados com desdém em discursos racistas da mídia e dos governantes. Ao mesmo tempo, os imigrantes europeus eram beneficiados em colônias, tendo como pano de fundo as teorias eugênicas que embasavam a tentativa de embranquecimento do país. A resposta dos negros à essa sociedade dava-se pela organização em clubes sociais negros, pela criação de grupos para debater o contexto político e por publicações de críticas em jornais. No campo, comunidades remanescentes de quilombolas enfrentavam as forças policiais para manter suas terras. Os dilemas raciais perduraram durante República, que reprimiu movimentos populares com extrema violência e beneficiou elites agrárias que exploravam o trabalho da população formada por maioria negra. Os resultados da pesquisa apontam para a confirmação da tese de que os ex-escravizados, em geral, não tiveram uma inserção social plena, eram reprimidos pelo Estado e pela sociedade, encontrando dificuldades para exercer profissões, participar da política, ter acesso à saúde, à educação, à moradia e ter reconhecimento dos direitos inerentes aos cidadãos da República. |