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Assim como o sexismo e o racismo são experimentados de diferentes formas e em diferentes níveis de intensidade pelas mulheres negras em relação às mulheres brancas e aos homens negros, também a LGBT+fobia terá uma configuração diferente quando enfrentada pela mulher negra. Como nos ensina Glória Anzaldúa (2000, p. 229): “A lésbica de cor não é somente invisível, ela não existe”. Em “Beijo na face”, conto presente na obra Olhos d’água (2016), Conceição Evaristo nos fornece meios para refletir sobre as rupturas que um corpo negro feminino promove no sistema social brancocêntrico e heteronormativo, quando, além de não se submeter ao discurso hegemônico no âmbito étnico-racial, também não o faz no âmbito da afetividade e da sexualidade. O campo semântico do conto é constantemente atravessado pela metaforização de um amor genuíno, em sua simbiose com a dor da interdição. Um amor que é, antes de tudo, um gesto de insubmissão. |