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Este artigo analisa a relação real/ficcional do romance contemporâneo tomando como ponto de partida Nove noites (2006), do escritor brasileiro Bernardo Carvalho, e os mecanismos da autoficção na literatura. Para tanto, discutem-se questões narrativas relacionadas à memória e seu registro, bem como o uso de documentos, como a fotografia. Assim, argumenta-se a respeito da autoficção e das tendências contemporâneas do romance, como sua abertura à incorporação de outras formas discursivas. Para isso, os estudos de Giorgio Agamben (2009), Florência Garramuño (2014), Diana Klinger (2007) e Linda Hutcheon (1991) subsidiaram o debate a fim de refletirmos sobre a literatura no território do presente. Além disso, também são relevantes as considerações sobre memória e identidade, a partir das pesquisas de Beatriz Sarlo (2007), Henri Bergson (1999), Paul Ricouer (2007), Stuart Hall (2016), dentre outras contribuições que discutem a busca identitária na representação ficcional. Conclui-se que, no exercício de interpretação, cabe aos leitores considerar também as lacunas, a fim de reconsiderar a relação entre ficção e verdade. |