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Quando lemos os contos de Murilo Rubião à luz de suas próprias reflexões sobre o fantástico, descobrimos que o autor tinha plena consciência teórica e crítica sobre sua escrita. Entretanto, comparando suas declarações de natureza crítica e teórica com a abordagem sociocognitiva do fantástico, percebemos que o autor brasileiro não pratica o fantástico, pois esse remete à defesa de um sistema de crenças em vias de extinção pela revolução industrial do século XIX. Também, dentro da mesma abordagem sociocognitiva, é possível afirmar que o fantástico não se transformou no decorrer do século XX: o que ocorreu, do nosso ponto de vista, é que um novo gênero narrativo se consolidou diante das novas condições socioculturais impostas pela guerra fria. Enquanto o fantástico buscava incutir no leitor a dúvida sobre a realidade de um acontecimento, esse novo gênero, o insólito, questiona o próprio conceito de realidade. |