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Brasil, século XX. Clarice Lispector, literata e jornalista, elaborou contos, colunas de jornais e livros. O conto da autora aqui analisado, intitulado Começos de uma fortuna, é passível de análise por demonstrar as relações de gênero, perpassando pelas relações de poder e de hierarquia dos papéis sociais binários. Com o intento de aclarar sobre a construção da masculinidade, para então constatar a misoginia por meio da representação do personagem principal Artur, empregamos a Análise do Discurso Francesa com Michel Foucault, almejando explanar as interdições do discurso de gênero, de família nuclear, no intuito de compreender o padrão definido por este discurso, para então atender a hipótese levantada, ou seja, de que forma a construção da masculinidade se exibe no discurso do protagonista e das representações que o rodeiam, e se, a partir do discurso adotado por Clarice Lispector em suas linhas, o olhar do personagem principal conduzido às mulheres com as quais se inter-relaciona e tem a possibilidade ser identificado como misógino. Na análise, nos parece que Artur anseia pela dominação masculina, adotando como representação estereotipada a figura paterna de autoridade e proprietário dos demais integrantes da família, assim como a representação de um homem bem-sucedido lhe é desejada. Seu desprezo pela representação feminina é de tal forma aguçado que ele maldiz esses sujeitos femininos, demonstrando Artur afeiçoa-se às representações de discursos como a misoginia e a dominação masculina, num conjunto de percepções e pensamentos que nos levam a considerar tais definições. Por fim, a literatura se apresenta enquanto fonte de análise histórica do que se silenciava por parte da anterior história oficial. |