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As áreas de interesse ao ecoturismo geralmente estão distantes dos centros urbanos e historicamente “ilhadas” nos aspectos geográfico, político ou social, mantendo ecossistemas preservados ao longo dos tempos. O objetivo deste trabalho é apresentar alguns resultados do Projeto Lagoas Costeiras referentes às potencialidades do turismo em municípios do litoral médio e sul do Rio Grande do Sul, destacando o ecoturismo. O estudo foi desenvolvido entre 2007 e 2009, nos municípios de Mostardas, Tavares, São José do Norte e Santa Vitória do Palmar. O projeto, realizado pela Universidade de Caxias do Sul em parceria com a Embrapa Clima Temperado, teve patrocínio do Programa Petrobras Ambiental. O estudo das potencialidades turísticas teve por objetivo avaliar as condições atuais do turismo na região e suas possibilidades e limitações frente ao desenvolvimento sustentável da atividade. A pesquisa apresentou caráter exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando-se de entrevista, formulário e observação. As etapas do levantamento compreenderam: 1) Identificação dos potenciais atrativos turísticos mediante participação comunitária; 2) Classificação das potencialidades turísticas; 3) Identificação de segmentos turísticos em potencial. As comunidades estudadas apontaram uma grande diversidade de recursos naturais e culturais que foram identificados como potenciais atrativos, sendo estes principalmente relacionados ao recurso hídrico e as áreas de entorno, ambientes naturais preservados, espécies nativas, diversidade de paisagem, características geográficas peculiares, patrimônio histórico, arqueológico e paleontológico. Foi verificado um importante patrimônio natural representado pela Planície Costeira e seu sistema lagunar único, o qual compreende uma grande quantidade de corpos de água doce (Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e Mangueira e diversas lagoas permanentes). Esse ambiente apresenta valor morfológico e paisagístico singular relacionado aos ecossistemas de seu entorno e a riqueza da biodiversidade. A região abriga, ainda, duas Unidades de Conservação: a Estação Ecológica do Taim e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, este reconhecido como zona núcleo da Reserva da Biosfera pela UNESCO (1992) e Sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional (2003). Portanto, essa variedade encontrada no litoral médio e sul mostra-se propícia ao desenvolvimento do ecoturismo e suas práticas como: contemplação da paisagem, observação de fauna e flora (especialmente de aves), expedições científicas, fotografia e filmagem, passeios em embarcações; e, ainda, possibilidades de integração com outros segmentos turísticos. Além disso, a economia da região tem gerado preocupações frente ao avanço e a dependência de atividades de grande impacto ambiental (silvicultura, agropecuária e pesca), associadas ao sobreuso do recurso hídrico. Diante deste contexto, e da elevada fragilidade dos ecossistemas existentes, o ecoturismo surge como o segmento turístico mais adequado às características da costa sul-brasileira, demonstrando grande potencial e podendo servir como ferramenta para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades. Porém, o turismo é hoje ainda incipiente nesta região, expressando falta de planejamento e gestão, tornando-se este um desafio à preservação dessa riqueza ambiental única no mundo. Os resultados obtidos possibilitaram a continuidade dos estudos entre 2011 e 2013, proporcionando a expansão da análise do potencial ecoturístico em outros três municípios do litoral médio e norte do Estado. Palavras-chave: Ecoturismo; Lagoas Costeiras; Rio Grande do Sul. |