REVISÃO NARRATIVA SOBRE A RELAÇÃO DO HIV E EBV NO DESENVOLVIMENTO DE LINFOMA PRIMÁRIO DO SNC

Autor: Eduarda Sousa Machado, Fabiana Germano Bezerra, Emanuel Cintra Austregésilo Bezerra, Mateus Coelho Gondim De Oliveira Lima, Aline Diogo Marinho
Rok vydání: 2022
Zdroj: Anais do II Congresso Brasileiro de Hematologia Clínico-laboratorial On-line.
DOI: 10.51161/hematoclil/98
Popis: Introdução: O Linfoma primário do Sistema Nervoso Central (LPSNC) é do tipo linfoma não Hodgkin (LNH) restrito ao SNC, atingindo cérebro, olhos, líquido cefalorraquidiano e coluna agressivamente. Portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) possuem risco aumentado de desenvolver linfomas, como o LPSNC, correspondendo a 15% dos LNH relacionados ao HIV e relacionando-se frequentemente ao vírus Epstein-Barr (EBV). É importante reconhecer a relação da doença com o HIV e o EBV para melhor manuseio clínico do paciente. Objetivos: Analisar dados da literatura sobre a relação dos vírus HIV e EBV com o LPSNC. Material e métodos: Revisão narrativa feita na base de dados Pubmed, combinando-se os descritores linfoma primário de SNC, HIV e EBV. Incluíram-se artigos e capítulos de livro de 2015 a 2022 em inglês, sendo excluídos os trabalhos que não correlacionaram o LPSNC, o HIV e o EBV. De 16 publicações disponíveis, selecionamos 7. Resultados: O LPSNC relacionado ao HIV geralmente associa-se ao EBV e à perda de eficácia da imunorregulação. Em pacientes com HIV coinfectados com EBV, a multiplicação do HIV prejudica as células T (CTs), também afetadas pela presença de altos níveis de interleucina 10, culminando na resposta ineficiente das CTs ao EBV e na multiplicação das células infectadas com ele, a qual, em imunocompetentes, seria neutralizada por CTs citotóxicos. O EBV favorece a malignização, pois pode promover a expressão de genes virais com atividade oncogênica, RNA nuclear codificado por EBV, LMP 1 e 2 (proteínas de atividade latente da membrana) e antígeno nuclear de EBV, contribuindo para multiplicação e resistência de células que normalmente sofreriam apoptose. Embora o EBV não se multiplique no tecido do SNC, a regressão do sistema imune permite que células B infectadas cheguem a ele. O aumento do uso de terapia antirretroviral tem reduzido o risco de LPSNC, mas continua substancialmente maior do que na população geral, provavelmente pela perda de CTs específicas para o EBV. Conclusão: Assim, tem-se que a coinfecção com HIV e EBV predispõe ao desenvolvimento de LPSNC, mas os mecanismos envolvidos nesse processo não estão bem esclarecidos, evidenciando a necessidade de mais estudos.
Databáze: OpenAIRE