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A familia homoparental e uma das formas de familia que, na sociedade pos-moderna, tem aumentado e ganhado mais visibilidade. Porem, ainda vivencia preconceito, sendo a competencia homoparental para criar os filhos e o possivel comprometimento no desenvolvimento afetivo e sexual deles motivos de duvida e discussoes. Esta pesquisa objetivou compreender como casais que se autodefinem como homoafetivos, isto e, casais de gays e lesbicas que mantem relacao estavel, vivenciam o cotidiano da vida familiar e o exercicio da parentalidade. A metodologia qualitativa foi utilizada, e a interpretacao das narrativas dos participantes baseou-se na hermeneutica de Ricoeur, buscando a coconstrucao de sentido no dialogo com o pesquisador. Participaram da pesquisa tres casais de lesbicas e tres casais de gays, totalizando 12 pessoas que se autodefiniram como homoafetivas, mantinham relacao conjugal estavel e possuiam filhos (as). Os discursos foram obtidos por meio de entrevistas dialogicas, gravadas e transcritas, de cuja analise tematica emergiram categorias e subcategorias que permitiram compreender que a motivacao de constituir familia funda-se na crenca de que ela e necessaria e desejavel, trazendo um senso de pertencimento social, sobretudo por meio de filhos(as); o sentido de familia nao esta atrelado a sua configuracao, nem a orientacao sexual dos pais, e, sim, ao que nela se vive; o modo como se constroem as relacoes; a parentalidade e priorizada, assim como a provisao das necessidades dos(as) filhos(as); segundo tais pais/maes, os(as) filhos(as) dao a familia um significado positivo de acordo com o que constatam na vivencia cotidiana, e essa valorizacao ajuda no enfrentamento do preconceito social; a possibilidade de esses pais/maes serem fontes influenciadoras na definicao da futura orientacao sexual dos(as) filhos(as) e descartada, e o suprimento da falta da figura do outro genero e deslocada para outras figuras da familia, das suas relacoes ou da comunidade; as atividades domesticas sao divididas conforme a disponibilidade e exclui o criterio de genero; a competencia parental nao e definida pelo genero dos pais (pai ou mae), porem, entendem que, para a sociedade, as lesbicas sao mais aptas e competentes na criacao de filhos; a homoconjugalidade foi alvo de preconceito por parte das familias de origem, porem, a homoparentalidade o minimizou; os(as) filhos(as) foram fontes de aproximacao entre familia homoparental e familia de origem, na medida em que possibilitaram a ampliacao dos lacos de parentesco e favoreceram a assuncao de novas posicoes/identidades como avos, tios e primos. No meio social e na escola, houve algumas experiencias de acolhimento, mas tambem de preconceitos tanto explicitos como velados; o mesmo se deu em relacao ao judiciario. Foi possivel observar que, embora nem sempre admitam ou percebam, os (as) parceiros (as) em varias situacoes reproduzem quase compulsoriamente a heteronormatividade, o que contraria a ideia de que ha algo especifico no exercicio da homoparentalidade devido a orientacao sexual dos pais e maes |