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A teorização sobre as sociedades arcaicas como sociedades da abundância temde certa forma seu ponto de partida no Essai sur le don (1923-1924) de Marcel Mauss. A obra que, de forma específica, desenvolve o assunto é, porém, Stoneage economics di Marshall Sahlins (1972). Jean Baudrillard retoma a questão emLa société de consommation (1970; Baudrillard se refere ao texto de Sahlins, Lapremière société d’abondance publicado em Les Temps Modernes no outubro 1968e, depois, confluido com o titúlo The Original Affluent Society como capítulo deStone age economics) e depois desenvolve sua crítica como crítica ao marxismo emLe miroir de la production ou l’illusion critique du matérialisme historique. Em geral,reconhecemos o valor teórico dessas obras no sentido de que todas, de alguma forma, têm feito época e despertado muito interesse e debate pelas novas conceituações desenvolvidas. É preciso observar que nós não estamos considerando asteorias distintas desses textos – que, mesmo no caso das obras antropológicasde Mauss e Sahlins, são teorias apenas parcialmente conciliáveis, opondo visõesdiferentes mesmo no que diz respeito a aspectos centrais da natureza da economiaarcaica (o mercado arcaico contendo, na forma da dádiva, todas as instituiçõesda economia moderna, é, por exemplo, tema recusado por Sahlins) –, as quaispropõem, porém, uma problemática comum. Nossa intenção aqui é apenas uma avaliação da problemática que essas obras têm como denominador comum. |