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A construção de conhecimentos e a forma de repassá-los pelos xamãs exigem um tempo diferente em que a fala e as ideias seguem um fluxo de observação, escuta, experimentação, criação ampliadas, mais concentrada e menos redutoras. Retomando a necessidade de ampliar essa relação do homem com a natureza, anunciada pelo pajé, o gerador principal dessa ideia são os saberes da tradição indígena, que mantêm a sabedoria da floresta viva, evocando e reverenciando as forças dos elementos, como fizeram os ancestrais mais longínquos e, assim, conectando-se com uma sabedoria e ensinamentos que mantêm viva uma herança cósmica que se traduz na cultura. Partindo também de outros diálogos com xamãs, emerge a ideia de que uma mudança de pensamento parece ser a via principal da cura de si e do mundo, em oposição a uma forma de pensar que se afasta cada vez mais da natureza e que faz adoecer, não só o homem, mas também a biosfera em que vive. Este é o cenário principal para pensar os saberes ancestrais e sua educação para o sensível. Neste artigo dialogamos com filósofos indígenas brasileiros, dentre eles Daniel Munduruku, Ailton Krenak, Davi Kopenawa e outros xamãs, conectados com o pensamento complexo, representado aqui por Edgar Morin, Conceição Almeida e outros pensadores. Ao pensar o presente no presente, em estado de presença, ocorre uma mudança cognitiva que nos localiza no universo dentro de um espaço do agora, em uma memória coletiva construída de uma ancestralidade revisitada permanentemente e mantém viva a energia de uma comum-unidade (comunidade) de destino e de espécie. |