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Busca-se demonstrar a relação direta entre o discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a crise da 1ª onda da pandemia de COVID-19 em 2020 no Brasil e o aumento no número de casos e mortes no mesmo período. Observou-se que as declarações do governante em conjunto com suas atitudes/ações, sustentando um discurso de negação com relação à crise e ao correto enfrentamento do vírus SARS-CoV-2, incentivou parte da população à exposição ao vírus e, consequentemente, à infecção e ao desdobramento de um quadro grave da doença, que levou muitos fatalmente à morte. Teoricamente, o trabalho vincula-se aos Estudos do Discurso (van Dijk, 2001, 2017, 2020; Charaudeau, 2006, 2009; Authier-Revuz, 1998; Bolinger, 1989), às Teorias dos atos de fala, (Austin, 1990; Searle, 1981; Ducrot, 1987, 1989;) e à Teoria do agir comunicativo (Habermas, 2012). Metodologicamente expõem-se e analisam-se os discursos da autoridade governamental, cruzando-os com os dados e informações oficiais e científicas de mortes no mesmo período, divulgados pelo Ministério da Saúde (Brasil 2021) e demonstrado por Candido et al. (2020). A problemática, objeto da pesquisa, está demarcada pela seguinte questão a que nos propomos responder ao longo de todo o trabalho: é possível a linguagem de um sujeito no campo político, mediante seus atos de fala – isto é, seus discursos –, ser responsável pela influência de ações danosas a uma população inteira na esfera pública? Os resultados apontam para a verificação inicial de que sim. E neste caso específico, o aumento no número de mortes por Covid-19 está diretamente relacionado com a fala da autoridade governamental no período verificado |